Pedro Mendes: "As dores são mentais. É tipo à moda antiga, 'Bate o pé que isso passa'"
Pedro Mendes recorda, ao zerozero, a longa recuperação a uma lesão sofrida a 16 de abril de 2021
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Pedro Mendes, jogador português do Montpellier, voltou a jogar, colocando um ponto final num longo calvário que começou com uma lesão grave num joelho sofrida a 16 de abril de 2021. De então para cá, médicos, fisioterapeutas e até tratamentos pagos do próprio bolso resumem a vida do avançado.
Entrevistado pelo zerozero, Pedro Mendes recorda que tudo começou quando no clube francês não quiseram seguir o protocolo pós-operatório ditado pela intervenção cirúrgica a 3 de maio, no Porto, e efetuada pelo doutor José Carlos Noronha.
"Cheguei ao clube e como eles estão habituados com outro protocolo, disseram para seguirmos esse protocolo, que já tinham feito tantas fisioterapias de ligamentos cruzados, sempre resultou e não era agora que não ia resultar, para não me preocupar", contou Pedro Mendes.
"Fiz mais um protocolo e senti algumas dores no tendão que foi retirado para fazer a construção do ligamento. Eles diziam que era normal, para não me preocupar, que estava a passar os testes todos. Eu estava a ir para campo, a treinar com os colegas, sem rotinas, as rotações davam-me medo, sentia que não tinha força. Ainda tinha dores. Este staff médico trabalha por livros. Se o livro diz que às 12 semanas tenho de estar a correr, não importa se sinto dores. Vou correr. As dores são mentais. É tipo à moda antiga, 'Bate o pé que isso passa'. Fizeram-me acreditar que estas dores eram da minha cabeça. Comecei a criar monstros, incertezas, apreensões. Ia treinar com estes fantasmas. Eu dizia "se o Pepe conseguiu voltar aos seis meses e meio e eu estou com sete meses e meio, porque não? Se é da minha cabeça, vou continuar a treinar", refere na entrevista ao site.
Insatisfeito com o rumo da recuperação, da lonha recuperação, Pedro Mendes chegou a recorrer a um médico de outro clube, no caso do PSG. "Fui a Paris num dia e voltei à noite, sem comprometer os horários de treino. O doutor [do PSG] disse-me: 'Se tu fosses jogador do PSG, eu parava-te 45 a 60 dias. Tu não podes jogar com um tendão assim. Arriscas-te a rebentar o tendão ou a voltar a fazer uma rotura de ligamento cruzado porque não tens força muscular suficiente para aguentar as cargas'", recorda.
Na mesma entrevista, Pedro Mendes recorda a chamada que recebeu de Pepe, quando foi operado. Mais tard, recordou o mesmo Pepe que conheceu no Real Madrid. "Quando cheguei ao Real Madrid foi uma pessoa que me marcou. Uma estrela daquelas estar preocupada se eu tinha carro ou se queria que me fosse buscar para me levar ao treino... Foram coisas que me marcaram. O facto de estar lesionado e ter-me ligado. Uns dois meses depois, mandou mensagem a perguntar como estava a correr a fisioterapia. Não falamos, não somos amigos, mas esses pequenos gestos fazem a diferença", disse.