ENTREVISTA, PARTE III >> Pedro Martins guarda muitas histórias de aprendizagem e sucesso de Lourosa, Marítimo, Rio Ave e Vitória, mas o clube da cidade onde nasceu é o que acompanha, lá longe
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Após duas épocas como adjunto de José Couceiro, em Vitória de Setúbal, FC Porto e Belenenses, Pedro Martins começou como treinador principal no Lamas e, a seguir, passou por Lourosa e Espinho. Curiosamente, nunca treinou a equipa da sua cidade e onde se formou como jogador.
A promoção do projeto no Marítimo, com Carlos Pereira, “único no país”, o sucesso no Rio Ave e o orgulho de ter vivido a grandeza do V. Guimarães são páginas da obra deste “feirense de gema”.
Antes de sair para o estrangeiro, que clubes mais o marcaram?
—O Lourosa deixou-me marcas. Gostei muito do Lourosa, bem-vindo à II Liga, mas, no final, que o Feirense fique à frente. Continua a ser o clube que mais gosto, onde comecei, aprendi o futebol e o jogo, o meu pai foi dirigente, os meus irmãos também foram jogadores do clube. As minhas raízes são todas feirenses. Sou Feirense e os meus também estão aí, como o meu neto, o Gonçalo, de 18 meses, também é feirense.
Como resume o trajeto até ir para a Grécia?
—O Espinho era um projeto de subida. Lembro-me das equipas do Quinito, sempre tive curiosidade em treinar o Espinho. Quando surgiu a oportunidade, não pensei duas vezes e fui para lá. Entretanto, achei que o clube não tinha condições nem capacidade para os objetivos que exigiam. Como estava a perder tempo, surgiu o convite do Marítimo e preferi o Marítimo B, que na altura lutava para não descer. Não estou arrependido, ainda bem que fiz aquela aposta. Fiz um excelente trabalho na equipa B e deu-me a possibilidade de treinar a equipa A. Foram muitas horas em que me dediquei ao clube e, além dos resultados, foram vendidos muitos jogadores. Na minha última época tivemos 17 oriundos de equipa B, um trabalho de fundo em que promovi o projeto do Carlos Pereira, que, nesse sentido, era único no país.
No Vitória de Guimarães, atingiu o objetivo europeu e foi finalista da Taça de Portugal.
—O Vitória é grande, ficará na minha memória por momentos únicos, como os grandes jogos no D. Afonso Henriques, grandes noites. Nunca mais me vou esquecer, como jogador e como treinador. Estou eternamente grato ao Vitória pela oportunidade que me foi dada e pelo carinho que, ainda hoje, os vitorianos demonstram comigo.
Que mensagem deixa para o novo treinador, Luís Pinto?
—Não o conheço, não acompanho muito, acompanho os jogos do Feirense. Quando dá na televisão e, sempre que posso, é o meu Feirense que vejo. Ele sabe a realidade que vai encontrar, uma cidade que respira e vive o futebol como ninguém. Vão exigir muito dele e dos jogadores. Faz parte da cultura e da história do clube.
Excetuando quem orientou os três grandes, foi o único treinador em Portugal que levou todos os clubes que comandou à Europa...
—O meu percurso em Portugal foi engraçado. No Marítimo, a última participação na fase de grupos foi comigo. No Rio Ave, passou-se o mesmo, fomos duas vezes às meias-finais da Taça Portugal, entrámos na fase de grupos e na época seguinte o clube foi pela primeira vez à Liga Europa via campeonato. E no Vitória, o meu primeiro ano foi excelente. Um quarto lugar e uma final da Taça Portugal.