ENTREVISTA - O treinador do Olympiacos, alerta para o desequilíbrio da liga portuguesa e os seus efeitos na Europa.
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Pedro Martins comanda o Olympiacos, o único clube grego ainda nas provas europeias. O técnico vai jogar na Champions, prova que este ano conta pela primeira vez desde 2010 com apenas com um representante português, o Benfica.
"As rivalidades clubísticas não nos permitem dar um passo em frente"
Questionado se considera este facto como algo anormal, tendo também em conta a forma como o FC Porto foi eliminado pelo Krasnodar na 2.ª pré-eliminatória, um rival depois ultrapassado pelos gregos, o técnico luso deixou alguns avisos.
"Não é um acaso que isto suceda, porque ainda há poucos anos Portugal tinha três equipas na Champions e agora só tem o campeão a entrar diretamente e outra equipa nas pré-eliminatórias. Julgo que o campeonato português pode e deve ser muito mais competitivo, porque tem capacidade para isso. Basta as pessoas perceberem e resolverem qual tem sido o grande problema da liga portuguesa nos últimos anos", começou por dizer Pedro Martins.
E acrescenta: "O que está a acontecer, perda de equipas na Champions, tem que ver com o facto das nossas equipas não serem tão competitivas quanto as dos principais campeonatos da Europa", começou por dizer Pedro Martins, apontando: "Os clubes portugueses têm uma necessidade extrema de se financiarem através de venda de jogadores e por isso também perdem competitividade."
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O treinador do Olympiacos destaca outra questão: "Em relação aos direitos de TV, a liga portuguesa perde atratividade quando há uma diferente tão acentuada de valor entre um V. Setúbal, por exemplo, e um Benfica, um FC Porto. Quando assim é, é mais difícil vender o nosso produto. Toda a gente sabe isto, mas a rivalidade clubística não nos permite dar o passo em frente. Não é, de todo, inteligente a gestão do nosso futebol ser feita de forma mais emocional do que com a razão."
Já sobre o facto de estarem apuradas pela primeira vez quatro equipas para a fase de grupos da Liga Europa, sendo elas FC Porto, Sporting, Braga e V. Guimarães, Pedro Martins sublinha: "Existe uma grande diferença entre as equipas de topo em Portugal e as restantes. Vamos a partir de agora ver como estas equipas se comportam na Europa. A perda de competitividade também está relacionada com o facto de algumas equipas terem feito manifestamente poucos pontos nas competições da UEFA em anos anteriores.