O novo desafio de Mauro Eustáquio: "Passo normal, estou confiante e preparado"
Mauro Eustáquio, irmão do médio portista, arranca este fim-de-semana época como treinador principal do York United, da principal liga canadiana. Aos 32 anos, já se ambiciosa destacar e confessa conversas ao detalhes com Stephen sobre vários domínios do futebol.
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Mauro Eustáquio, irmão do portista Stephen, inicia este fim de semana o campeonato canadiano como treinador do York United, um dos clubes de tradição no país, que se ficou pelos quartos de final da liga na época passada. O português, de 32 anos, que terminou a carreira de jogador no Caldas em 2021/22 tem trabalhado, nos últimos anos, como adjunto no país para onde a família nazarena emigrara, recebendo, agora, desafio maior, pese já ter sido interino. "Estamos numa fase de transição. Vamos ser competitivos e trabalhar para entrar nos playoffs. Com os novos donos, conseguimos traçar objetivos imediatos e a longo prazo. Estamos perante um projeto ambicioso e que, de certeza, nos vai trazer muitas alegrias", relata o técnico, atualizando-nos sobre o investimento que chegou ao York United. "Os donos são mexicanos - os Irmãos Pasquel - Eduardo e Ricardo. Têm longa história no mundo do futebol mexicano com passado ligado a grandes clubes como Monterrey, Necaxa, Chivas e também a seleção mexicana. Estão a fazer com que o clube cresça diariamente e, isso, está a notar-se. São apaixonados pela formação e decidiram, por bem, fazer a criação de uma equipa B, que tem sido fundamental para potencializar os jovens e não só", explica Mauro Eustáquio, ciente do caminho escolhido e da sua cabal preparação para o efeito.
"Creio que é um passo normal. Um passo para o qual me sinto confiante e preparado. É uma liga que conheço como jogador e adjunto e irei utilizar esse meu conhecimento para alcançar os objetivos do clube. Tudo o que tenho alcançado vem do trabalho e dedicação e quero ter uma equipa com essa imagem", evidencia, enaltecendo o potencial do futebolista canadiano, cada vez com maior entrada em mercados de primeira linha. "Está a crescer e está aos olhos de todos. O jogador canadiano está espalhado pelo mundo e em ligas muito competitivas. O talento existe e, felizmente, temos uma liga profissional que dá oportunidade dos atletas serem profissionais. Ainda somos, e queremos ser, uma liga e uma equipa que funcione como trampolim, mostrando a qualidade do jogador, para que esta possa ter ferramentas para o sucesso em qualquer parte", documenta o antigo médio, de caraterísticas semelhantes ao irmão, que atua no FC Porto. Reconhece nele um pilar precioso, encontrando também um líder dentro do campo, que já pensa o jogo para lá do que joga.
"Sempre falamos de futebol, mas confesso que, agora, talvez sejam conversas com muito mais detalhe, que cobrem todas as áreas do futebol profissional. O meu irmão tem sido uma pessoa que me tem apoiado imenso até nesta nova etapa", partilha Mauro.
A relação de irmãos mais velhos e mais novos com os Estados Unidos
O treinador do York United analisa também a relação do futebol canadiano, o seu desenvolvimento, com as sinergias existentes na MLS e nos Estados Unidos, isto numa altura que a relação entre os países se belisca em vários domínios por conta do alarido de cada declaração de Donald Trump.
"O futebol no Canadá tem evoluído bastante e essa proximidade com os Estados Unidos tem sido fundamental no crescimento. A MLS tem equipas canadianas a competir e essa integração ajudou a elevar o nível do futebol no Canadá, tanto em termos de clubes como seleção", aponta, desenvolvendo o raciocínio. "O sucesso recente da seleção canadiana tem muito a ver com essa exposição ao futebol competitivo da MLS e com o fato de jogadores canadianos estarem cada vez mais presentes em ligas europeias. O futebol no Canadá e nos EUA tem essa relação de “irmãos mais velhos e mais novos", elucida o mais velho Eustáquio, que tem o irmão como peça importante dos Canucks.
"O Canadá está a crescer rapidamente, mas ainda tira muito proveito da estrutura já estabelecida pelos EUA. Com a ascensão de talentos como Alphonso Davies, Jonathan David, Stephen Eustáquio, começa a haver uma mudança na narrativa. O Canadá deixou de ser apenas um participante e passou a ser um verdadeiro competidor. Vamos continuar a crescer e aproveitar o momento", avisa Mauro Eustáquio, que tem sangue português na sua equipa técnica.
"Quando decidi ser treinador principal, a prioridade foi rodear-me de gente que pudesse somar valias. A escolha dos meus adjuntos, Mateus Lima e José Petinga, não foi por serem portugueses, mas pela qualidade que têm", afirma, sem esconder a ambição de atingir a nossa Liga. "O futebol português é um futebol prestigiado e acompanho de perto. Quando essa porta abrir veremos o que poderá acontecer."