O desabafo de um ex-FC Porto em Espanha: "Loucura, ninguém pensa no próximo"
Felipe, agora Atlético de Madrid, mostra-se surpreendido com a atitude espanhola face à pandemia de covid-19.
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Felipe trocou o FC Porto pelo Atlético de Madrid no último verão e, após um arranque de temporada discreto, assumiu-se como uma das peças fundamentais do sistema de Diego Simeone, agarrando a titularidade para não mais largá-la.
Contudo, a pandemia mundial de covid-19 pôs travão à afirmação do defesa-central brasileiro, numa fase em que o emblema madrileno vinha de eliminar o campeão europeu Liverpool nos oitavos de final da Liga dos Campeões. Felipe fala de "um período chato" e não esconde a dor pelas famílias que estão a perder entes queridos para a doença.
"É complicado, foi uma mudança muito radical, tudo isso logo depois do nosso apuramento após eliminarmos o Liverpool. Tivemos que ficar em casa e passámos a tomar todos os cuidados. É um período chato, mas estamos à espera da normalização. Eu vinha num momento bom, fizemos ótimos jogos, numa crescente... Mas é assim, não é? É preciso entender que nem sempre as coisas são como queremos. Se pudesse escolher, obviamente, daria sequência para manter o alto nível. Agora é focar para voltar ainda mais forte e continuar com aquilo que estava a fazer", afiançou o defensor, em entrevista ao portal Goal.
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"Creio que aqui as coisas vão normalizar dentro de 15 ou 20 dias. Superar? Penso muito nas famílias que perderam parentes. Isso é o mais complicado, uma terrível pandemia que apanhou todos de surpresa. Para elas, a superação seguramente vai ser muito mais difícil. Já sobre o futebol, assim que os campeonatos recomeçarem, acredito que a partir da segunda ou terceira jornada já todos terão superado isto. Não digo esquecer, mas precisamos de retomar a nossa vida", acrescentou Felipe, que não esconde alguma surpresa com a "loucura" vivida em Espanha face à situação atual:
"Sinceramente, aprendi muita coisa. Assim que tudo isso começou, as pessoas entraram numa loucura, começaram a comprar de tudo e aos montes, ninguém pensa no próximo, faz tudo por si próprio. Isso fez com que faltasse para os necessitados, até mesmo em relação aos medicamentos, visto que disseram que existia um que curava o novo coronavírus. Isso não foi bom. Vou levar isso tudo como lição, porque ninguém pensa no próximo. Eu fiz a minha parte, comprei e continuo a comprar apenas o que é preciso. Eu penso em quem mais precisa, penso em ajudar o próximo. Eu e a minha esposa temos feito o nosso papel. O povo entrou na loucura e esqueceu-se das pessoas que estão ao lado", rematou o ex-FC Porto.