Exclusivo: "O contacto com Haaland perdeu-se, mas ele era um entre 40 rapazes"
No City, o norueguês soma 48 golos em 41 jogos, algo absolutamente incrível! Antes de Guardiola passou por outras mãos e entre os 9 e os 15 forjava-se num projeto de lançamento de jogadores do Bryne.
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Com apenas 22 anos, Haaland arrasou a barreira dos 200 golos como sénior, são agora 201, contabilizando Bryne, Molde, Red Bull Salzburgo, Dortmund e City, onde ostenta impressionantes 48 golos em 41 jogos.
O atacante norueguês tem uma aura avassaladora de concretizador impiedoso, de estampa intimidante, parecendo capaz de derreter os mais bem preparados defesas num breve movimento e fazê-los passar como infantis. Um alegre bom gigante, corpulento, que leva uma carreira a marcar acima dos jogos que realiza, a esmagar defesas inteiras e a atropelar adversários. Nem a Premier League o acalmou. Haaland está no topo e é apontado a limites desconhecidos. Estratosférico, talvez extra-terrestre.
Erling, filho de Alf-Inge Haaland, médio operário também de assinalável dimensão física, abriu uma estrada de sucesso e não aparenta reservas de combustível. De talento passou a craque na Áustria, na Alemanha virou máquina e num contexto ainda mais desafiante, em Inglaterra insinua-se imparável como um super herói moderno, caçador de golos, vendendo num anúncio garrafas de leite como a sua poção mágica.
De longa data, Haaland é visto como potencial fora-de-série e a regalia de o ter visto avançar sem freio no futebol coube a Alf Ingve Bernsten, a partir das escolinhas de formação do Bryne. Um processo de cumplicidade, de muito entendimento e aperfeiçoamento. De potencial somado a um arcaboiço físico .
"Dos 8 anos até ao surto de crescimento, houve uma variação constante de treinos com o objetivo de aprenderem muitos movimentos diferentes do corpo. Erling era rápido e tinha bom controle corporal desde tenra idade. Quando o brutal crescimento acontece (Erling teve o dele aos 14 anos), tivemos de o deixar treinar menos. Após esse salto, tivemos de planear o tipo de treino e focar no equilíbrio entre treino e restituição física", explica o técnico a O JOGO, desenvolvendo como se deu a maturação do corpo ao jogo.
"Pelos seus genes, sabíamos que se tornaria rápido e forte, então vimos que algo muito especial estava a acontecer desde os 12 anos", recorda, retratando a dedicação e a personalidade que nunca se escondeu. "Sorriu muito, marcou muito e treinou mais ainda. Juntamente com um grande grupo de 40 jogadores de Bryne que fez todo o processo. Ele era bem comportado e muito querido no grupo", ilustra Alf Ingve Berntsen, situando-nos ainda quanto à influência do pai, que havia feito carreira de relevo na Premier League no Leeds e Manchester City.
"Deixou sempre Erling treinar connosco, sem ponta de pressão. Ele nunca nos disse o que fazer, simplesmente deixou o filho crescer sozinho, junto de um grande grupo. Mais tarde fizeram escolhas inteligentes nos clubes escolhidos", realça o antigo técnico do soberbo Haaland.
Sobre os números que vende Haaland e a sua fome goleadora, a crença é que dispare para outra galáxia.
"Normalmente, a plenitude é atingida entre os 25 e os 30 anos, então parece claro que Erling ainda vai melhorar muito, até porque está sempre a bater recordes. Isso torna-o especial", assume Berntsen, sem perder de vista a essência cultivada, o respeito por essas particularidades.
"O contacto perdeu-se, mas ele era um entre 40. Um rapaz normal, engraçado e querido, excecionalmente bom a jogar e a bater na bola. Mas, friso, a parte humana era muito mais importante, não ligávamos tanto às competências", invoca.
"Eles foram reunidos pelas capacidades técnica e tática, física e mental. Erling conseguiu as melhores pontuações nesses quatro elementos. Isso não é normal, fez adivinhar o seu futuro", explica. "Na nossa escola só haviam três regras: pontualidade, fazer o melhor e saber comportar-se. Ele nunca se desviou. Não é qualquer super-estrela, é um dos nossos 40 rapazes", remata.
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