"O ano de 2002, campeão do Mundo e chegada ao Arsenal, mudou a minha vida e trajetória"
ENTREVISTA, PARTE II - Gilberto teve infância difícil, ajudou o pai em trabalhos mais operários, de carpintaria, e deixou de jogar entre os 16 e os 21 anos. Em quatro anos, foi campeão do mundo e chegou ao Arsenal.
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O antigo médio exalta a sua história de superação e conquista do futebol em Inglaterra.
O Gilberto é um modelo de superação, deixa o Brasil com 25 anos, como campeão do Mundo em 2002, direto ao Arsenal?
-Olho para trás com orgulho do que fiz e atingi. Se virem o meu histórico, de como comecei a jogar futebol profissional, as estatísticas são muito curtas. Trabalhei contra elas! Cheguei muito tarde, é uma satisfação ver o que alcancei. Talvez pudesse ter conquistado mais, talvez não! Estou muito grato a todas as pessoas com quem lidei, roupeiros, seguranças e rostos invisíveis, treinadores que muito me ensinaram. Foram todos fundamentais. Falando do Arsenal, ajudaram-me a entender tudo sobre a cultura do clube, histórias e vivências de tantos. Esse ano de 2002, campeão do Mundo e chegada ao Arsenal, mudou a minha vida e trajetória, elevou o nível de trabalho, aumentou a responsabilidade. Tive de processar isso rapidamente e assumir essa dimensão.
O Gilberto nada teve a ver com o paradigma de brasileiro que chega direto a Inglaterra e demora a acertar o passo...
Quando cheguei já não era menino, queria aprender tudo e não queria ser mais um. Tratei de aprender muito rápido o inglês, foi a prioridade e isso facilitou muito o meu sucesso em Inglaterra. Não quis intérprete ou tradutor, queria só um professor que me ensinasse a ser independente. Isso deu-me tranquilidade diária.
A forma de falar do Gilberto recomenda-o mesmo como conselheiro?
-É certo que há muitos que atravessam mais dificuldades. Quando os encontro, ofereço conselhos e faço perguntas mais provocadoras, de como vai a comunicação e se já fala inglês. Aprender a falar o idioma é essencial para tudo funcionar. Quem seria eu se não conseguisse falar com Henry, Bergkamp, Vieira, Ljungberg, Pires e tantos. Seria frustrante. O inglês foi tão importante que me mantém hoje com uma conexão forte com o clube enquanto embaixador.
Chamado Muralha Invisível, Gilberto fez parte da única equipa na história da Premier League que acabou invicta, o Arsenal de 2003/04.
Qual a ligação ao futebol desde que deixou de jogar?
-Fui diretor desportivo na Grécia, comentador em três Mundiais. Mas nunca quis ser treinador, nunca me atraiu. Como diretor desportivo gostei das dificuldades e desafios. Hoje trabalho de perto com jogadores, embaixador do Arsenal e da FIFA. Mas também tenho negócios, como é a Striver, e família.