Nuno Gomes subiu com o Oviedo à La Liga: "A cidade e a região têm um amor imenso"
Oviedo esperou 24 anos para voltar à La Liga. Com um adjunto português no banco, ataque voraz à subida foi comandada por Paunovic e um craque sem prazo de validade no campo: Cazorla
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Com 46 anos, Nuno Gomes tem desbravado muito futebol internacional ao lado de Velicko Paunovic, antigo craque sérvio. Passagens por Estados Unidos, Inglaterra e México antecederam capítulo extasiante com a subida do Real Oviedo à primeira divisão espanhola.
Nuno Gomes curva-se à excelência de Cazorla, que decidiu jogar pelo clube que representara na formação só para o fazer regressar à La Liga. Realizou-se, aos 40 anos, e maravilhou cidade e região.
Que prazer se retirou destes meses no Oviedo, culminados com a emocionante final de acesso por um lugar em La Liga e sua fantástica concretização?
— A sensação que fica é de enorme satisfação e dever cumprido. Concluímos a fase de acesso à La Liga com a missão bem-sucedida de colocar o Real Oviedo na elite do futebol espanhol. Foram dez jogos intensos, com um único objetivo: garantir a subida. O final da competição foi altamente emotivo e competitivo, com o desgaste natural de uma temporada longa, mas a alegria de terminar esses três meses de trabalho com a subida de divisão foi indescritível. Foram 24 anos de espera e o facto de conseguirmos concretizar este feito no ano do centenário do clube tornou o momento ainda mais especial.
Qual o impacto de Oviedo, das Astúrias, na história de um clube que andava sedento de regressar ao seu lugar? E que tipo de ambiente foi crescendo na fabricação deste sonho até se tornar tão real e inebriante no play-off com o Mirandés?
— Foi algo que foi crescendo de forma gradual. À medida que a equipa ganhava jogos e subia na tabela, o apoio da população e dos adeptos foi-se tornando cada vez mais palpável. Sempre acreditámos na possibilidade de subir e os adeptos começaram a acreditar connosco. O apoio diário que sentimos em Oviedo, com palavras de motivação e incentivo, fez toda a diferença. A cidade e a região têm um amor imenso pelo Real Oviedo, e sentir isso ao longo da competição foi uma motivação extra para a equipa.
Como ficou a cidade de Oviedo com a celebração da subida, após 24 anos de ansiosa espera? Que impacto tiveram essas imagens, se comparáveis a algo que já tenha vivido? E um retrato da festa e também de alguns excessos mais que permitidos?
—A cidade explodiu de alegria. Foi uma festa em grande, envolvendo todas as gerações – desde os mais velhos, que viveram momentos difíceis do clube, até aos mais jovens, que têm um amor absoluto pelo Real Oviedo. A paixão deles é impressionante. A cidade não apoia o Real Madrid ou o Barcelona só porque ganham títulos, eles são do Oviedo com toda a alma. A imagem da cidade a celebrar foi incrível, com milhares de pessoas nas ruas, todas com as camisolas, bandeiras e cachecóis do clube, cantando e vibrando com o hino do clube e o hino asturiano. Foi um fim de semana de celebração, algo fantástico. Claro que, como é natural, houve alguns excessos, mas todos dentro dos limites de segurança. Foi muito barulho, muita música, muita sidra asturiana e uma alegria contagiante. No entanto, no dia seguinte, a cidade estava limpa, algo que é um verdadeiro símbolo de Oviedo, que sempre se orgulha da sua organização e limpeza.
Para Paunovic, qual foi o significado pessoal de ter subido um clube no qual jogou?
— Para o Paunovic, esta subida teve uma carga emocional muito forte. Em 2001, enquanto jogador, ele viveu a descida do clube à segunda divisão, o que o deixou com um sentimento de dívida para com o Oviedo. Agora, com a subida, acredito que ele sentiu que essa dívida foi finalmente saldada.
Pergunto pelo agrado que foi treinarem alguém como Cazorla e como sentiram a festa e o prazer particular dele por este desfecho? Se ainda é um jogador inspirador para quem o rodeia?
—Trabalhar com o Santi Cazorla tem sido um prazer. É realmente um craque, carismático e motivador, sendo uma referência para mais jovens. Um profissional exemplar, um grande colega e um ser humano admirável. A dedicação dele, a paixão com que encara cada treino, é contagiante. Ele mantém-se com uma energia incrível, como se fosse um jogador de 20 anos, e essa motivação que ele transmite aos mais jovens é fundamental para o sucesso da equipa. Santi tem o clube e a cidade no coração, e a felicidade dele com a subida de divisão foi evidente, não só por este feito, mas pelo impacto positivo que teve no clube e na cidade.