Antiga diretora-geral da Federação Francesa de Futebol apresentou uma queixa em abril por assédio moral e sexual contra Noel Le Graet, demitido presidente do organismo, reclamando ainda 2,5 milhões de euros à FFF devido ao seu despedimento, em fevereiro.
Corpo do artigo
A antiga diretora-geral da Federação Francesa de Futebol (FFF), Florence Hardouin, recordou esta terça-feira a forma como descobriu o seu próprio despedimento, em abril, antes de ter apresentado uma queixa por assédio moral e sexual contra Noel Le Graet, demitido presidente do organismo.
Em entrevista ao jornal L'Équipe, a ex-dirigente revelou que o impacto da notícia foi tão grande que acabou por resultar em danos físicos, nomeadamente no coração.
"Tinha saúdo de um almoço profissional, estava na rua e dei conta do meu despedimento através da imprensa. O choque emocional foi muito forte. Não percebia o que tinha acontecido. Senti uma dor no peito, tinha calor. Como conheço bem o meu corpo, soube rapidamente que era um pouco grave. Nas urgências, disseram-me que tive um enfarte, fiquei devastada. A palavra "enfarte" dá medo. O que vou dizer pode ser anedótico, mas tive de medo de morrer. Pensei imediatamente nos meus filhos, na minha família, nos meus entes queridos", começou por dizer.
Na conversa, Hardouin, de 56 anos, não evitou abordar a queixa que apresentou contra o antigo chefe máximo da FFF, tendo ainda reclamado uma indemnização de 2,5 milhões de euros devido ao seu despedimento, em fevereiro.
"Sofri um comportamento inapropriado, comentários inapropriados. Não os revelei ao público no geral nem à imprensa, mas disse a muita gente, interna e externamente. Era demasiado pesado para aguentar, ainda que tenha pensado que era forte, que iria resistir e que isso podia funcionar. Foi tão difícil que, no final, o meu corpo, o meu coração rendeu-se", frisou, mostrando remorsos por não ter apresentado queixa contra Le Graet mais cedo.
"Em retrospetiva, sim. Devia ter tido a coragem de falar mais abertamente ou de o denunciar... Mas tens medo de denunciar esta coisas, porque depois... Também queres o teu trabalho. Quando está sozinha, quando te submetem a uma série de coisas, comentários ou comportamentos inapropriados... Em todo o caso, tinha medo. Quando falas demasiado...".
Em jeito de despedida, Hardouin aproveitou para desmentir alguns boatos que chegaram a surgir na imprensa sobre decisões questionáveis que teria tomado enquanto diretora-geral da FFF.
"Todos estes ataques doeram muito. Também me acusaram de ir ver Zinedine Zidane para oferecer-lhe um contrato nas costas do treinador e de toda a Federação. Mas não tenho esse poder! Disseram que eu era um monstro. É verdade, sou exigente. Também é certo que fixei metas ambiciosas, mas assegurei-me que eram alcançáveis. Quando tive de tomar decisões difíceis, tomei-as. Isso torna-me numa pessoa odiosa e brutal? Tenho defeitos como toda a gente, mas francamente, não sou o monstro que descreveram", concluiu.
16359436
16361205