Torceu o nariz a ser guarda-redes, mas foi ainda em Ringe que captou conselho sábio de Adílio Pinheiro
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O menino que impressionou a Europa, fazendo das suas defesas instantes fotográficos que perdurarão no tempo e na memória portuguesa, foi desde os 5 anos um menino diferenciado para o futebol, se bem que esteja na baliza por força de um empurrão de Adílio Pinheiro, orgulhoso responsável de uma equipa de bairro da Vila das Aves, "Pinheirinhos de Ringe" onde se moldaram catraios ainda, Diogo Costa e Vitinha.
“Eu vejo sozinho os jogos para não incomodar ninguém mas tinha muita fé no Diogo, sabia que ele ia salvar a família. Foi muito emocionante. Vem tudo da confiança como encara as coisas. É muito sereno e calmo. Decidiu e decidiu bem. Na hora de atuar está sempre lá”, atira. “Custou-me foi a saída do Vitinha, não percebi! Mas o Diogo salvou toda a gente, o Pepe, o Cristiano”, junta Adílio Pinheiro, recuando ao contacto com a estrela da baliza de Portugal, nas bocas do mundo e agrafado à história dos Europeus. “Ele chegou com cinco e saiu com sete. Fui eu que o convenci a ser guarda-redes. Ele jogava bem com os pés e gostava de marcar golos. Encontrava-o sempre a chutar e a chutar. O avô trouxe-o para o Pinheirinhos e ao fim de algum tempo sugeri-lhe que passasse para a baliza. Ele já tinha sido goleador num torneio. Mas via nele calma, estatura e jogava já bem com os pés. Ele não queria e ainda se queixou ao avô. Mas tudo se resolveu e veio equipado como guarda-redes no treino seguinte”, recorda Adílio Pinheiro, gracejando com as conversas com Diogo.
“Quis logo fazer um contrato que jogava metade do tempo na baliza e a outra metade na frente para marcar golos. Quando não marcava ficava muito zangado”, precisa, viajando para o calibre de alta competição que se forjou, defendo-se sobre os milhões da cobiça. “Para mim ele vale sempre o mesmo, sou amigo da família. Quero que a vida lhe sorria a ele, ao Vitinha e aos que se fizeram professores e médicos. Mas tenho orgulho de ver dois jogadores que foram nossos no top mundial. O Diogo é o que se vê, calmo e humilde, fala pouco para não errar muito e só diz o que é certo. Não me esqueço que o tentaram atirar abaixo depois do Mundial de 2022.”
O segredo é a mentalidade
Fernando Monteiro cruzou-se com Diogo Costa nos sub-13, sub-14, sub-16 e sub-20 dos dragões, tempo suficiente para entender a mente e o estofo de um predestinado entre os postes.
“Perspetivava-se que fosse guarda-redes de excelência e top mundial”, ilustra o antigo técnico de guarda-redes do FC Porto. O nível que está hoje à vista de todos, aos 24 anos, resultou de vasto trabalho. “Foi aperfeiçoando a sua técnica e intuição, mas o segredo do Diogo é a sua mentalidade. Para penáltis nunca houve fórmula secreta, apenas focar-se na corrida de aproximação do batedor, no pé de apoio e no olhar”, observa, aceitando a deixa de Martínez. Sobre o que o guarda-redes viveu em Frankfurt, Fernando curva-se às emoções. “É inevitável emocionarmo-nos. É alguém que fez parte da nossa vida e estou certo que todos que estiveram a seu lado se orgulham do trajeto e do ser humano”, valida, sem qualquer dúvida que nada desviará Diogo Costa do estrelato.
“Tem uma capacidade de trabalho e dedicação incríveis. Graças a essa mentalidade consegue estar em constante aprendizagem e assim pode continuar a evoluir.”