Vinícius Júnior, "estrela" da seleção do Brasil e do Real Madrid, concedeu uma entrevista ao jornal francês “L'Équipe”, onde abordou os episódios de preconceito e discriminação que tem sofrido em Espanha.
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Vinícius Júnior tem enfrentado, ao longo da carreira, várias situações de racismo, sobretudo no futebol espanhol. Numa entrevista ao jornal francês “L'Équipe”, o craque brasileiro falou sobre a sua luta diária contra este preconceito e esta discriminação.
“Sei que não vou transformar a Espanha num país sem racistas. Se enfrentar isto sozinho, o sistema irá esmagar-me”, afirmou o extremo do Real Madrid, destacando o episódio de racismo que sofreu no Mestalla, estádio do Valência. “Em Valência, há todo um grupo a insultar um jogador e, no jogo seguinte, o clube joga lá normalmente? Com o seu público, sem perder pontos e sem ser sancionado? O que se passou em Valência foi na 35ª jornada, mas, em todos os jogos fora de casa disputados antes desse, houve episódios de racismo. Não fizeram nada. Já tinha falado com a La Liga para dizer que isto tinha de mudar. Não me ouviram. Só me ouviram a partir do momento em que o mundo inteiro começou a falar de Espanha. Isso fê-los reagir”, atirou.
O futebolista formado no Flamengo, de 23 anos, comparou ainda o seu caso com os de outras ‘estrelas’ do desporto-rei. “Só quero ter tranquilidade para jogar e saber que não me vão insultar no campo porque sou negro. Que um adepto me insulte porque marquei, é válido. Pode insultar-me, mas não faltar-me ao respeito. Pode assobiar-me o jogo inteiro, é-me indiferente. No entanto, quando se trata de racismo, é outra coisa. Os assobios fazem parte do jogo. Lionel Messi, Cristiano Ronaldo, Karim Benzema e Neymar, já todos passaram por isso. Os adeptos das outras equipas provocam-nos e isso é normal. E gosto disso, ainda me motiva mais a marcar. Mas no que toca ao racismo... Não acredito num mundo sem racistas, mas devem tornar-se uma minoria”, finalizou Vini Jr.