"O país pode gastar dinheiro, mas tudo fica perfeito", enfatizou, em entrevista a O JOGO, o ex-internacional russo, que afasta a desconfiança e diz que esta Taça das Confederações "vai ser melhor do que as últimas".
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A entrevista flui em "portunhol", mas a popularidade de Aleksandr Mostovoi interrompe-a. Internacional pela Rússia (50 jogos), o antigo médio - que passou pelo Benfica e triunfou no Celta de Vigo -, hoje com 48 anos, é um dos comentadores de futebol mais relevantes no país que recebe o torneio dos campeões.
O que vão encontrar na Rússia as outras sete equipas nacionais que disputarão a Taça das Confederações?
- Enquanto país, a Rússia está muito, muito, muito bem preparada para receber a prova. Os estádios, as zonas envolventes... tudo está muito bem organizado e preparado. Julgo que esta edição vai ser bem melhor do que as últimas. Creio que os participantes vão ficar muitíssimo satisfeitos com o que vão encontrar aqui.
Está muito otimista...
- Claro. E o Mundial no próximo ano ainda vai ser mais impressionante, estou seguro. Muitos dos estádios já estão concluídos e esta Taça das Confederações vai ajudar-nos a perceber como está o nosso país para aquilo que haveremos de ter aqui em 2018. Agora, o que vai suceder no torneio propriamente dito, isso não sei. Vamos ver como chegam as seleções.
A FIFA pôs mais bilhetes à venda na internet nos últimos dias. Podemos ver nisso um sinal de crescimento do interesse dos adeptos pela competição?
- Em redor dos estádios parece que se fala muito de futebol, mas até há pouco tempo também percebíamos que muita gente não estava contente, porque as entradas são um pouco caras, e o mundo de agora não é como dantes. Muita gente questiona isso, não entende a razão de ser de preços tão altos. Nesse aspeto, a duas semanas do início da competição, o cenário não era perfeito, mas já havia confiança de que as coisas iriam mudar para melhor. A procura é maior para o Rússia-Portugal, normal. Estamos a falar do país que recebe a prova e que vai defrontar Portugal, a melhor equipa do último Europeu e com Cristiano Ronaldo num excelente momento, a marcar golos e mais golos.
A seleção russa tem somado maus resultados e acumulado desilusões nas últimas grandes provas. Que expectativas podem ter agora os adeptos?
- Esta competição é muito rápida, curta, só com oito equipas. Por aqui, todos sabemos que o mais importante é o ano que vem, o campeonato do mundo, mas a nossa seleção está preparada, ou a preparar-se, desejosa de corrigir resultados e más exibições.
Há quem aponte a Rússia como favorita por jogar em casa. Concorda? Não necessitar de adaptação num torneio curto, como refere, pode ser uma grande vantagem?
- Claro que pode. Mas agora eu pergunto: lembra-se do que se passou no Mundial do Brasil em 2014? Quem é que havia vencido a Taça das Confederações? O Brasil, certo? O que é que lhe aconteceu no campeonato do mundo? Perdeu "só" 7-1 com a Alemanha nas meias-finais. O fator casa é importante, sim, mas não podemos atribuir-lhe uma relevância decisiva. Há que jogar. Os novos estádios são impressionantes, a Rússia é grande e faz sempre em grande, para tudo.
Portugal vai trabalhar nos centros de treinos de Kazan, Moscovo e São Petersburgo. Como estão equipados?
- Muito bem, são impressionantes. Por isso lhe digo: a Rússia quando faz as coisas, fá-las bem. Gasta dinheiro, mas faz com o objetivo de tudo ficar perfeito.
"Rússia-Portugal seria a melhor final para esta prova"
Potencialmente, que duelo final mais poderá valorizar e prestigiar a Taça das Confederações? Mostovoi responde de pronto e diz que corta na simpatia: é mesmo convicção. "Para mim, a final ideal seria um Rússia-Portugal, porque a Alemanha não traz algumas das suas estrelas. Portugal vem com as suas principais figuras, é o campeão da Europa, tem Cristiano Ronaldo acabado de vencer a Champions... Veremos como vai estar a Rússia. Também assisti aos últimos jogos do México e fiquei impressionado. É uma seleção forte. O nosso grupo vai ser duro", antevê.