Mihajlovic foi criticado por ficar infetado: "As pessoas não perdoam o sucesso"
O treinador do Bolonha, Sinisa Mihajlovic, já está recuperado da covid-19 e agora conta que o coronavírus não foi nada depois de ter estado meio ano a combater a leucemia. Ainda assim, o sérvio alerta para os perigos da doença e responde aos críticos que o acusaram de ser irresponsável por viajar para a Sardenha, sendo doente de risco.
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Sinisa Mihajlovic está recuperado da covid-19 e já voltou aos treinos do Bolonha. Depois de ter lutado contra a leucemia, o treinador esteve infetado com coronavírus, mas diz que não teve sintomas e que a recuperação não foi difícil.
"Depois do que vivi de julho a janeiro, seis meses de batalha diária contra a leucemia, a entrar e a sair do hospital para rondas de quimioterapia e ainda um transplante de medula, a covid-19 foi como beber um copo de água fria. Estava completamente assintomático, portanto, se não tivesse feito o teste nem sabia que estava infetado. Mas isso não significa que a doença não exista, ou que seja como uma gripe normal. Todos os que negam os perigos do vírus estão a ignorar a realidade e a faltar ao respeito aos que morreram, aos que sofreram e aos que perderam entes queridos", conta o sérvio que passou pelo Sporting em declarações à Gazzetta dello Sport.
"Muita coisa foi dita acerca do meu estado de saúde, mas muito poucas pessoas sabiam o que realmente se passava e há muitas notícias falas a circular por aí. Não me disseram para ter mais precauções do que uma pessoa normal [por ter lutado contra um cancro], sinto-me em forma e até voltei a correr 10 quilómetros por dia, a treinar e a levantar pessoas. Vivo normalmente, a aproveitar a vida e isso é o que pretendo fazer", continuou.
O treinador dos italianos comentou também as críticas de que foi alvo por ter passado férias na Sardenha, onde terá contraído o coronavírus, sendo um doente de risco.
"Não sei se a minha recuperação deixa alguém chateado ou se é mais fácil sentir empatia por alguém frágil que está numa cama de hospital. O Enzo Ferrari disse uma vez que os italianos perdoam tudo, menos o sucesso de uma pessoa. Eu acrescento a essa lista a felicidade, porque há muitos haters por aí, embora eu lhes chame outra coisa...", explicou.
"Tenho uma casa na Sardenha há 20 anos e sempre passei lá férias no final das épocas. Naquela altura, a ilha não tinha nenhum caso, tomei todas as precauções, usei máscara ao entrar nos bares, supermercados, restaurantes... joguei padel com o Dario Marcolin várias vezes, mas ele testou negativo... tudo isto foi permitido. Nunca consegues saber onde contraíste a covid-19, ou porque algumas pessoas contraem e outras não. Estava com a minha esposa e ela testou negativo e eu positivo. Um dos meus filhos testou positivo, os outros negativo", disse ainda.
"Já não estou imuno-deprimido, recuperei da leucemia. Estive doente, mas isso não significa que vou continuar para o resto da minha vida. Não fui eu que ordenei que as medidas de confinamento fossem levantadas e permitissem que as pessoas fossem de férias. Tive apenas azar. Vejo a acontecer o mesmo com o Silvio Berlusconi: as pessoas com inveja, porque uma pessoa bem sucedida ficou infetada. Fizemos tudo o que era permitido, fomos testados, fizemos quarentena, fim da história", sentenciou Mihajlovic.