Michel Platini, ex-líder da UEFA, defende que "clubes têm direito de organizar uma Superliga"
Antigo dirigente gaulês deu a entender que exibiria luz verde ao surgimento de uma prova concorrencial da Liga dos Campeões e até evocou a recusa em mudar o formato da prova europeia em 1992
Corpo do artigo
Michel Platini, ex-futebolista francês de renomada e antecessor de Aleksander Ceferin na presidência da UEFA, como que se mostrou favorável, entre reparos a castigos e ameaças do organismo aos participantes, à intenção de criação de uma Superliga.
"Este conflito faz-me rir. Há 50 anos que os clubes tentam mudar a fórmula das competições europeias e desta vez os dirigentes quase o conseguiram. Só que houve uma forte reação dos fãs e da imprensa, então foi tudo bloqueado. As pessoas e os meios de comunicação fizeram o que a UEFA não foi capaz de fazer: unir os clubes", afirmou o antigo dirigente.
E prosseguiu: "Todos os clubes têm o direito de organizar uma Superliga e também de participar em torneios organizados pela UEFA e FIFA. Na verdade, há 60 anos, foi o [jornal francês] 'L'Équipe' que teve a ideia de criar uma Taça dos Campeões [Europeus] e a mesma foi assumida pela UEFA", acrescentou, em tom de picardia, Platini.
Em entrevista ao jornal italiano "Il Giornale", publicada esta quarta-feira, o ex-presidente da UEFA - governou entre 2007 e 2016, ano em que se demitiu por ter sido temporariamente banido do futebol pelo TAD por suspeitas de corrupção - criticou diretamente Ceferin pela animosidade face ao líder da Juventus, que escondera do esloveno a criação de uma Superliga.
"Um presidente da UEFA [Ceferin] não pode falar assim. Sei que [Gianni] Agnelli e a Juventus existem e vão continuar a existir. Já Ceferin, vai acabar por ir embora", referiu Platini, sobre o líder esloveno, cujo mandato durará, pelo menos, até 2023.
O antigo futebolista e dirigente francês sublinhou, contudo, ser "a favor da meritocracia no futebol" - valor generalizadamente apontado como ignorado na génese da Superliga - e que até se opôs a mudança do quadro competitivo da Liga dos Campeões no século passado.
"Em 1992, quando houve a votação do atual formato da Liga dos Campeões, votei contra", revelou Michel Platini, na mesma entrevista concedida ao jornal italiano "Il Giornale". Atualmente, o ex-dirigente da UEFA não desempenha nenhum cargo relacionado com o futebol.
Por imposição da UEFA, os clubes ingleses envolvidos na Superliga vão fazer uma "contribuição conjunta" de cerca de 25 milhões de euros para desenvolver o futebol no país e concordaram em perder 30 pontos na liga interna se participarem noutra ação rebelde.
Os clubes participantes no projeto elitista, do qual só fazem parte Barcelona, Real Madrid e Juventus, além de terem sido repreendidos pela UEFA, aceitaram, ademais, em renunciar a 5% do rendimento proveniente de uma época nas competições europeias.