PERFIL - Bayat integra igualmente o conselho de administração da liga profissional da Bélgica, que em outubro de 2018 se viu sacudida pelo escândalo conhecido como "Footbelgate".
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O início da vida de Mehdi Bayat, de 41 anos e presidente da federação de futebol da Bélgica, é comum à de muitos que viram na Europa Ocidental um porto de abrigo para as tempestades políticas e sociais do Médio Oriente - neste caso, a mudança de regime no Irão, em 1979, quando a República Islâmica liderada pelo Ayatollah Khomeini substituiu a monarquia do Xá Reza Pahlevi.
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Nascido em Teerão, capital iraniana, um mês e cinco dias antes da definitiva mudança de regime, Mehdi Bayat mudou-se ainda criança para Cannes, no sul de França, onde cresceu sob a capa protetora do irmão Mogi, cinco anos mais velho e uma das personagens importantes desta história. Tal como o tio Abbas Bayat, filho de um antigo primeiro-ministro do Xá iraniano e que durante o regime daquele tinha a maior empresa leiteira do país.
Foi precisamente o tio, que na Bélgica prosseguiu o caminho de empresário de sucesso, que acolheu os dois irmãos quando, na viragem do século comprou e assumiu a presidência do Charleroi. E deu o tiro de partida no percurso ascendente de Bayat no futebol daquele país: primeiro foi responsável comercial (a área em que se licenciou), depois diretor geral e, finalmente, em 2012, após o tio decidir vender o clube, assume o controlo do mesmo, com um amigo, e torna-se administrador-delegado.
Desportivamente, este foi um período dourado para o Charleroi que, entre 2012 e 2017, passou de clube do meio da tabela a integrar os play-off pelo título. Tal como foi um ótimo trampolim para Mehdi Bayat, desde 2015 no Comité Executivo da federação belga e dois anos depois nomeado vice-presidente da Comissão Técnica e responsável pela seleção principal. Foi dele a escolha de Roberto Martínez para selecionador, que devolveu os "diabos vermelhos" a patamares dos quais andavam há muito afastados.
Bayat integra igualmente o conselho de administração da liga profissional da Bélgica, que em outubro de 2018 se viu sacudida pelo escândalo conhecido como "Footbelgate", em que vários clubes (como Anderlecht, Standard ou Brugge), árbitros, dirigentes e agentes de jogadores foram alvo de buscas policiais sob suspeitas de fraude e branqueamento de capitais. Um dos principais focos das autoridades, e que em 2010 deixara o Charleroi para se tornar empresário de futebolistas (um dos mais influentes da Bélgica), é Mogi Bayat. Apesar disso, meses depois, o irmão Mehdi chegava ao cadeirão da federação - cumprirá um ano em junho - de onde, na quarta-feira, deu o aval ao fim dos campeonatos naquele país, em nome da saúde.