Declarações de Marco Silva, treinador português do Fulham, que se encontra a cumprir um estágio de pré-época em Lagos, no Algarve
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Estabilidade num cargo de treinador: “Nos últimos anos em Portugal tem sido uma coisa louca, a realidade é que tem sido fora da caixa. Em Inglaterra é diferente, mas sinceramente está muito diferente do quando cheguei. Os treinadores antes resistiam muito mais a ondas negativas de resultados, com os investidores estrangeiros começa a deixar de haver aquela cultura britânica e os treinadores resistem menos. Não é que me preocupe, penso é no que estará por detrás daquelas decisões. Quando gerimos um clube e contrata-se um treinador que se ache certo para o projeto, não acho que tudo mude em dois meses. Há uma parte de análise e é perceber o efeito destas chicotadas psicológicas ao fim de uma época do que no imediato”.
Qualificação para a Liga dos Campeões é objetivo? “Sou ambicioso, mas não sou irrealista. Este ano as vagas abriram para cinco e ambição não nos retira, mas não podemos ser irrealistas. No orçamento, com a capacidade de oito, 10 clubes na Premier League, o espaço não é muito grande para isso. O Nottingham andou a bater à porta desse objetivo durante muito tempo na última época e o Leicester foi campeão ha uns tempos, mas neste momento não estou a ver uma equipa assim a ser campeã tão cedo, porque o poderio de três, quatro clubes é enorme. A Champions não é objetivo, a ambição neste momento é fazer melhor do que na época passada e, se o fizermos, vamos andar no sétimo, oitavo lugar e lutar por outros objetivos, mas é tentar bater nosso o recorde de pontos”.
Regressar a Portugal está nos planos? “Não faço grandes planos a longo prazo nesse aspeto. Ao longo da minha carreira tem havido essa possibilidade, mas o objetivo é na Premier. Já podia ter regressado, nem vale a pena dizer para onde, mas essas hipóteses não aconteceram porque não era possível e outras vezes foi por decisão pessoal, mas a curto prazo olho para o Fulham e depois veremos o que irá acontecer na próxima temporada. Se surgisse a oportunidade? Vamos ver, a minha vida de treinador tem sido baseada em chegar à Premier League e em cimentar algo naquela competição. Talvez seja o terceiro ou quarto treinador na liga com mais longevidade e o objetivo é estar concentrado no meu clube. Não sei quando irá acontecer, mas acho que acabará por acontecer devido à minha nacionalidade e ao gosto pelo meu país, percebendo também a falta de competitividade e que já podíamos ter dado passos em frente, mas continuamos a ter grandes treinadores e três, quatro clubes acima dos outros. Portugal não está no top-5 de ligas europeias, mas temos clubes de qualidade. Não tenho preferência por clube, não é algo que esteja no radar”.