Luís Castro: "A minha passagem pelo FC Porto A foi um flash, passei como um cometa"
ENTREVISTA >> Luís Castro assumiu a equipa numa fase difícil sem guardar mágoa pela falta de consistência dessa aposta
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Esteve uma década no FC Porto, mas apenas orientou 16 jogos da equipa principal (2013/14). Nem se tratou de uma oportunidade...
Como explica o facto de ter de sair de Portugal para obter reconhecimento e projeção internacional?
-Em Portugal sempre fui muito respeitado, mas quando se colocava a hipótese de treinar uma equipa de maior dimensão diziam que não tinha títulos. Se treinava na III Divisão só podia ter títulos na III Divisão, na II Liga igual. Os títulos são o cumprimento dos objetivos. Pessoas responsáveis entenderam que não tinha capacidades para objetivos maiores e aceito isso com naturalidade, pois acontece com muitos. Fui à procura de oportunidades noutros lados do mundo e temos conseguido ganhar. Foi bom sair. Sentimos o reconhecimento pelo nosso trabalho e estamos felizes por termos subido na carreira sem nos destruirmos moralmente e sem atropelar alguém. O nosso trajeto demonstra que só o trabalho nos leva para cima. E temos muitos exemplos de carreiras que, mesmo não atingindo o topo, são uma inspiração.
Sente que sempre foi respeitado em Portugal e não lamenta a falta de oportunidades para treinar ao mais algo nível. Teve de cruzar a fronteira para lutar por títulos e chegar ao patamar atual
Ficou com a sensação de que poderia, por exemplo, ter tido uma oportunidade mais consistente do que teve no FC Porto?
-Há muito o preconceito de dizer que não temos oportunidade. Não é questão de ter faltado, mas sim não ter havido essa possibilidade. A minha passagem pelo FC Porto A foi um flash. Para mim, treinar uma equipa é fazer um plantel, uma pré-época, integrar jogadores e treinar. No FC Porto passei como um cometa, por isso considero que não treinei a equipa A do FC Porto. Assumi a responsabilidade que me foi dada com entusiasmo e tenho recordações boas desse tempo, mas não pude desenvolver a equipa, alternar sistemas, reagir a momentos negativos e ser afirmativo no clube.
Voltar a Portugal está nos seus planos?
-Sou um treinador do mundo e Portugal pertence ao mundo. Até determinado momento entendi que devia ser treinador em Portugal, mas quando cruzei a fronteira pela primeira vez passei a ser um treinador do mundo. Estive em Kiev, Doha, Rio de Janeiro, agora Riade e estou feliz.