Luís Campos: "Sou incapaz de contratar um jogador que o treinador não queira"
Dirigente do PSG falou à margem do Thinking Football Summit, na companhia de Nicolás Burdisso, Bruno Costa e Johannes Spors
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Luís Campos marcou presença esta quinta-feira no Thinking Football Summit, onde refletiu sobre o papel do diretor-desportivo no futebol atual.
À margem de uma conversa que também envolveu Nicolás Burdisso, Bruno Costa e Johannes Spors, o dirigente português, que trabalha atualmente no PSG, salientou que o cargo não diz apenas respeito à entrada e saída de jogadores nas equipas.
“O papel de diretor-desportivo é muito mais largo do que um mercado de transferências. Acredito muito em projetos. Analiso, estudo, observo o histórico do clube para que possamos construir um projeto. Claro que será preciso contratar um treinador, mas também é preciso ter uma boa equipa médica, boas condições de trabalho ou bons relvados para treinar. Ou seja, necessita de um conjunto de situações que o vão ajudar a traduzir em resultados todo o seu trabalho”, começou por explicar.
“No projeto em que estou, por exemplo, a primeira discussão que tive com o Luis Enrique [treinador] foi sobre o perfil de jogador que ele pretendia para cada posição. Sou incapaz de contratar um jogador que o treinador não queira, por isso, a partir daí, encontrámos sempre soluções. Nesse sentido, contrato sempre por competência. E recordo, por exemplo, que no Mónaco, batemos o recorde de benefícios em três anos. Mas lembro que se tivermos uma equipa só de jovens tenho a certeza absoluta que não vamos conseguir os nossos objetivos, que passam, naturalmente, por ter resultados dentro do campo”, apontou.
Já o brasileiro Bruno Costa, diretor-desportivo do Fortaleza, abriu o tópico com uma reflexão sobre os desafios provocados pelo exigente calendário desportivo naquele país, falando também sobre a necessidade de astúcia no mercado e as condicionantes do fair play financeiro. “Tudo isto representa uma experiência fabulosa”, admitiu.
Por outro lado, Nicolás Burdisso, antigo internacional argentino que já exerceu o mesmo cargo no Boca Juniors e Fiorentina, destacou: “O primeiro desafio de um diretor-desportivo é escolher um treinador, sendo necessário compreender a cultura do clube, a sua história, os seus adeptos, os objetivos do próprio clube e da sua administração”.
A concluir, Johannes Spors, diretor-desportivo da 777 Partners, alertou para “tempos muito desafiantes”: “É muito importante ser comunicativo. No dia a dia, os clubes têm de antecipar tudo numa fase inicial para tomar uma decisão final”.