Leverkusen intromete-se e Serie A persegue domínio da Premier League no mercado
O Bayer Leverkusen foi o único representante não inglês no top 10 de clubes com maior despesa em contratações de futebolistas na janela de transferências de verão, que teve pela sexta vez seguida a Liga italiana na vice-liderança
Corpo do artigo
Até segunda-feira, último dia do mercado nos cinco principais campeonatos europeus, no qual até despediram o treinador neerlandês Erik ten Hag ao fim de três partidas, os vice-campeões alemães libertaram 198,15 milhões de euros (ME), recorde de investimento de toda a história da Bundesliga, e foram o nono clube com mais gastos a nível mundial.
Malik Tillman (ex-PSV Eindhoven, 35 ME), Jarell Quansah (ex-Liverpool, 35 ME), Eliesse Ben Seghir (ex-Mónaco, 32 ME), Ezequiel Fernández (ex-Al Qadsiah, 25 ME) e Loic Badé (ex-Sevilha, 25 ME) são alguns dos 17 reforços do Leverkusen, ao qual chegaram ainda Lucas Vázquez (ex-Real Madrid) e Claudio Echeverri, emprestado pelo Manchester City.
O Leverkusen protagonizou três dos cinco maiores negócios na Alemanha, numa tabela liderada por Luis Díaz, ex-avançado do FC Porto, ao trocar por 70 ME o campeão inglês Liverpool pelo Bayern Munique, que destronara os farmacêuticos do título em 2024/25.
O colombiano é um dos dois jogadores de fora do radar da Premier League que surgem nas 10 transferências mais elevadas do defeso, hierarquia composta por seis dianteiros, entre os quais o nigeriano Victor Osimhen, adquirido em definitivo pelo tricampeão turco Galatasaray ao campeão italiano Nápoles, por 75 ME, após uma época de empréstimo.
Além de Díaz, o Bayern recrutou Nicolas Jackson (ex-Chelsea, 16,5 ME), por cedência, Jonathan Tah (ex-Leverkusen, dois ME) e Tom Bischof (ex-Hoffenheim, 300 mil euros), vendo sair o histórico Thomas Müller (Vancouver Whitecaps), Mathys Tel (Tottenham, 35 ME), com opção de compra ativada, Kingsley Coman (Al Nassr, 25 ME), Leroy Sané (Galatasaray), Eric Dier (Mónaco) e João Palhinha (Tottenham, cinco ME), emprestado.
Os bávaros foram os quartos mais gastadores na Liga alemã, logo atrás dos 99,7 ME do Borussia Dortmund, reforçado com Jobe Bellingham (ex-Sunderland, 30,5 ME) e Fábio Silva (ex-Wolverhampton, 22,5 ME), e dos 136 ME do Leipzig, que, mesmo sem estar nas provas europeias, trouxe Conrad Harder (ex-Sporting, 24 ME), Rômulo (ex-Göztepe, 20 ME), Yan Diomande (ex-Leganés, 20 ME) e Johan Bakayoko (ex-PSV Eindhoven, 18 ME).
O Leipzig logrou a oitava maior receita planetária no mercado, de 160,1 ME, após perder Benjamin Sesko (Manchester United, 76,5 ME) e Xavi Simmons (Tottenham, 65 ME), sendo um dos dois clubes não ingleses nesse top 10, a par do Leverkusen, terceiro, com 229,5 ME, encimados por Florian Wirtz (125 ME) e Jeremie Frimpong (40 ME), agora do Liverpool.
Com 851,43 ME, a Bundesliga bateu o seu recorde no verão, atrás do máximo mundial de 3,59 mil ME da Liga inglesa e dos 1,19 mil ME da Serie A, na qual o AC Milan sobressaiu com 164 ME, liderados por Christopher Nkunku (ex-Chelsea, 37 ME) e Ardon Jashari (ex-Club Brugge, 36 ME), mais Luka Modrić, de saída do Real Madrid ao fim de 13 épocas, libertando Tijjani Reijnders (Manchester City, 55 ME) e Theo Hernández (Al Hilal, 25 ME).
Os rossoneri não estão nas provas da UEFA, ao contrário da Juventus, que, com 137,3 ME, juntou Francisco Conceição (32 ME) e João Mário (12 ME), ambos oriundos do FC Porto, a Lois Openda, emprestado pelo Leipzig, e a Jonathan David (ex-Lille), com a Atalanta a investir 25 ME dos 125,8 ME totais em Nikola Krstović (ex-Lecce), mantendo, para já, Ademola Lookman, protagonista de uma das mais mediáticas novelas de verão.
Depois de terminar contrato com o Manchester City, Kevin De Bruyne, eleito duas vezes melhor jogador da Liga inglesa, ingressou no Nápoles, tal como Sam Beukema (ex-Bolonha, 31 ME), Noa Lang (ex-PSV Eindhoven, 25 ME), Miguel Gutiérrez (ex-Girona, 18 ME) ou Rasmus Hojlund, emprestado pelo Manchester United, num somatório de 115 ME.
Já o Inter Milão, com 92,7 ME, captou Luis Henrique (ex-Marselha, 23 ME), Ange-Yoan Bonny (ex-Parma, 23 ME), Andy Diouf (ex-Lens, 20 ME) e Petar Sucić (ex-Dinamo Zagreb, 14 ME), com Manuel Akanji (ex-Manchester City, um ME) a ser contratado por cedência.
Atrás dos três campeonatos mais gastadores, a Liga espanhola despendeu 684,02 ME - registo mais alto desde o seu recorde numa época, de 1,55 mil ME, fixado em 2019/20, impulsionada pelos rivais Atlético de Madrid, com 176 ME, e Real Madrid, com 167,5 ME.
Álex Baena (ex-Villarreal, 42 ME), David Hancko (ex-Feyenoord, 26 ME), Johnny Cardoso (ex-Betis, 24 ME), Giacomo Raspadori (ex-Nápoles, 22 ME), Thiago Almada (ex-Botafogo, 21 ME), Matteo Ruggeri (ex-Atalanta, 17 ME) e Marc Pubill (ex-Almería, 16 ME) foram para os colchoneros, à imagem de Nico González (ex-Juventus, um ME), por cedência.
Dean Huijsen (ex-Bournemouth, 62,5 ME), Álvaro Carreras (ex-Benfica, 50 ME), Franco Mastantuono (ex-River Plate, 45 ME) e Trent Alexander-Arnold (ex-Liverpool, 10 ME) reforçaram os merengues, seguidos pelo Villarreal, que investiu parte dos 102 ME em Georges Mikautadze (ex-Lyon, 31 ME) e Renato Veiga (ex-Chelsea, 24,5 ME).
Se o Real Madrid nunca tinha gastado tanto desde 2019/20, o FC Barcelona ficou-se pelos 27,5 ME, repartidos entre Joan García (ex-Espanyol, 25 ME) e Roony Bardghji (ex-Copenhaga, 2,5 ME), sendo que Marcus Rashford foi cedido pelo Manchester United.
Quanto à Ligue 1, na qual se despenderam 661,51 ME e houve saldo positivo, a par da Bundesliga, o Estrasburgo sobressaiu com 127,5 ME, encabeçados por Julio Enciso (ex-Brighton, 18,5 ME), contra 103 ME do tetracampeão gaulês e campeão europeu Paris Saint-Germain, ao qual chegaram Illya Zabarnyi (ex-Bournemouth, 63 ME) e Lucas Chevalier (ex-Lille, 40 ME), sucessor de Gianluigi Donnarumma (Manchester City, 30 ME).
Pelo segundo verão seguido, os principais campeonatos foram perseguidos pela Arábia Saudita, um dos mercados ainda em aberto e que já cedeu 473,52 ME, longe do máximo de 973,6 ME, de 2023/24, com destaque para Mateo Retegui (Al Qadsiah, 68,25 ME), Darwin Núñez (Al Hilal, 53 ME) e João Félix, reforço por 30 ME do Al Nassr, treinado por Jorge Jesus e capitaneado por Cristiano Ronaldo, na primeira experiência fora da Europa.
Liverpool impulsiona novo recorde de despesa da Liga inglesa no mercado
Os 3,59 mil milhões de euros (ME) investidos em contratações de futebolistas na janela de transferências de verão permitiram à Liga inglesa de futebol renovar o recorde de despesa numa temporada, impulsionado pelo Liverpool.
Depois de terem reconquistado a Premier League ao fim de cinco anos, os reds gastaram 481,9 ME em sete reforços até segunda-feira, último dia do mercado nos cinco principais campeonatos europeus, superando mesmo o anterior máximo mundial num só período de inscrições, de 464,1 ME, que tinha sido estabelecido pelo Chelsea no verão de 2023.
O negócio de maior impacto foi concretizado nas últimas horas, com o avançado sueco Alexander Isak a ser adquirido por 144 ME aos também ingleses do Newcastle, após ter entrado em litígio com os magpies, rumo à maior transferência britânica de sempre e à quarta mais cara da modalidade, atrás de Neymar, Kylian Mbappé e Ousmane Dembélé.
O Liverpool preencheu o pódio das maiores aquisições no defeso, juntando Isak ao médio ofensivo alemão Florian Wirtz (ex-Bayer Leverkusen) e ao ponta de lança francês Hugo Ekitiké (ex-Eintracht Frankfurt), vindos da Alemanha por 125 ME e 95 ME, respetivamente.
Milos Kerkez (ex-Bournemouth, 46,9 ME), Jeremie Frimpong (ex-Leverkusen, 40 ME) e Giovanni Leoni (ex-Parma, 31 ME) também chegaram ao clube de Anfield, abalado pela morte de Diogo Jota, na companhia de Giorgi Mamardashvili, que esteve emprestado ao Valência em 2024/25, mas já tinha negociado a mudança no verão passado, por 30 ME.
Num verão em que foi ultrapassado o recorde de 2022/23 de 3,18 mil ME de gastos na Liga inglesa - a mais gastadora do mundo por época desde 2003/04, que colocou nove clubes nos 10 mais gastadores dos últimos dois meses -, o investimento do Liverpool foi perseguido à distância pelo Chelsea, recordista nos últimos três verões, com 328,15 ME.
João Pedro (ex-Brighton, 63,7 ME), Jamie Bynoe-Gittens (ex-Borussia Dortmund, 56 ME), Alejandro Garnacho (ex-Manchester United, 46,2 ME), Jorrel Hato (ex-Ajax, 44,18 ME), Liam Delap (ex-Ipswich, 35,5 ME), Estêvão (ex-Palmeiras, 34 ME) e Facundo Buonanotte, cedido pelo Brighton, rumaram aos campeões do mundo, que recrutaram ao bicampeão português Sporting Geovany Quenda, por 50,8 ME, e Dário Essugo, por 22,3 ME - o extremo permanece nos leões até ao fim desta época, mas o médio já mudou de clube.
Os leões transacionaram também para Inglaterra o avançado sueco Viktor Gyökeres, melhor marcador da I Liga nas últimas duas épocas, que se juntou a Martín Zubimendi (ex-Real Sociedad, 70 ME), Eberechi Eze (ex-Crystal Palace, 69,3 ME), Noni Madueke (ex-Chelsea, 56 ME), Cristhian Mosquera (ex-Valência, 15 ME), Christian Norgaard (ex-Brentford, 11,6 ME), Kepa (ex-Chelsea, 5,8 ME) e Piero Hincapié (ex-Leverkusen), adquirido por empréstimo, nos reforços do Arsenal.
Os gunners tiveram 293,5 ME de gastos, seguidos pelos 288,85 ME do Newcastle, novo clube de Nick Woltemade (ex-Estugarda, 85 ME), Anthony Elanga (ex-Nottingham Forest, 61,4 ME), Yoane Wissa (ex-Brentford, 57,7 ME), Jacob Ramsey (ex-Aston Villa, 45,15 ME), Malick Thiaw (ex-AC Milan, 35 ME) e do cedido Aaron Ramsdale (ex-Southampton, 4,6 ME).
No segundo mercado com o treinador português Ruben Amorim, o Manchester United trouxe Benjamin Sesko (ex-Leipzig, 76,5 ME), Bryan Mbeumo (ex-Brentford, 75 ME), Matheus Cunha (ex-Wolverhampton, 74,2 ME) e Senne Lammens (ex-Antuérpia, 21 ME).
A despesa de 250,7 ME dos red devils ficou acima dos 210,6 ME do Tottenham, ao qual rumaram Xavi Simons (ex-Leipzig, 65 ME) e Mohammed Kudus (ex-West Ham, 63,8 ME), além dos emprestados Randal Kolo Muani (ex-Paris Saint-Germain) e João Palhinha (ex-Bayern Munique, cinco ME).
O Manchester City passou a contar com Tijjani Reijnders (ex-AC Milan, 55 ME), Rayan Ait-Nouri (ex-Wolverhampton, 36,8 ME), Rayan Cherki (ex-Lyon, 36,5 ME), James Trafford (ex-Burnley, 31,2 ME) e Gianluigi Donnarumma (ex-PSG, 30 ME), num total de 206,9 ME.
Já Chelsea, com 332,25 ME, Bournemouth, com 238,41 ME, e Liverpool, com 219,5 ME, tiveram as maiores receitas, num verão em que Luis Díaz (Bayern, 70 ME), Darwin Núñez (Al Hilal, 53 ME), Jarell Quansah (Leverkusen, 35 ME) e Trent Alexander-Arnold (Real Madrid, 10 ME) e Harvey Elliott (Aston Villa), emprestado, deixaram os reds, com Illya Zabarnyi (PSG, 63 ME) e Dean Huijsen (Real Madrid, 62,5 ME) a deixarem os ‘cherries’.
Christopher Nkunku (AC Milan, 37 ME), João Félix (Al Nassr, 30 ME) e Renato Veiga (Villarreal, 24,5 ME) terminaram a ligação aos blues, que emprestou Nicolas Jackson (Bayern, 16,5 ME), assim como o Arsenal cedeu Jakub Kiwior (FC Porto), Fábio Vieira (Hamburgo), Oleksandr Zinchenko (Nottingham Forest) e Kieran Tierney (Celtic), vendo sair Nuno Tavares (Lazio, cinco ME), Thomas Partey (Villarreal) e Jorginho (Flamengo).
Kevin De Bruyne (Nápoles), eleito duas vezes melhor jogador da Liga inglesa, Ederson (Galatasaray, 11 ME), Kyle Walker (Burnley) desvincularam-se do City, que emprestou Jack Grealish (Everton) e Manuel Akanji (Inter Milão), enquanto Antony (Betis, 22 ME), Christian Eriksen e Victor Lindelöf (Aston Villa), além dos cedidos Marcus Rashford (FC Barcelona), Jadon Sancho (Aston Villa) e Rasmus Hojlund (Nápoles, seis ME), deixaram o United.
O capitão Heung-min Son (Los Angeles FC, 22 ME) ditou o maior encaixe do Tottenham e abandonou ao fim de uma década a Premier League, que teve Geovany Quenda como o jogador português mais dispendioso do verão, seguido pelo médio Mateus Fernandes, contratado pelo West Ham ao Southampton, do escalão secundário inglês, por 44 ME.
Inglaterra continua a marcar diferenças de investimento face a outras latitudes, mesmo com as limitações impostas pelas regras de lucro e sustentabilidade da prova e pelo ‘fair play’ financeiro da UEFA, que levaram o Aston Villa a ser o mais comedido, com apenas 30 ME, e favoreceram um recorde global na história do futebol inglês e mundial de 2,07 mil ME de receita.