Andrade, um dos míticos vencedores da Libertadores em 1981, fala de identidade devolvida pelo treinador português
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Se lhe falarmos de Jorge Luís Andrade da Silva, conhecido na praça apenas como Andrade, talvez não esteja a ver quem é. Mas se pronunciar este nome em Terras de Vera Cruz, os brasileiros, principalmente os que torcem pelo Flamengo, curvam-se.
"Muitos passaram, só Jesus percebeu"
O antigo médio, hoje com 62 anos, é o terceiro futebolista com mais jogos na história do emblema carioca (569) e, orgulhoso, pode gabar-se de ter feito parte da única equipa do Mengão que venceu a Taça Libertadores, neste caso em 1981.
Em vésperas de o Fla poder chegar de novo à final da prova - a equipa de Jesus recebe, a partir da 1h30, o Grémio, com quem empatou 1-1 em Porto Alegre -, O JOGO falou com Andrade, hoje rendido ao treinador português.
"Há mais de 30 anos que o Flamengo não chegava a umas meias-finais da Libertadores. Não é, contudo, uma surpresa, uma vez que estamos a falar de um grande grupo de jogadores, com um treinador ao seu nível - Jorge Jesus. Não o conhecia muito bem, mas a verdade é que conquistou não só os adeptos do Flamengo como os antigos jogadores", assinalou a O JOGO
Antes garantiu, sem problema, que este Flamengo é parecido com o de 1981, um tal que para além Andrade tinha... Zico: "Esta é uma equipa muito semelhante, uma equipa que está a ganhar e joga para a frente, que não perde tempo a buscar a falta, que quer marcar o segundo e o terceiro. Jesus conseguiu devolver essa forma de jogar ao Flamengo. Muitos treinadores passaram por aqui, mas só ele percebeu."
Andrade fecha com o conselho para o seu Mengão, desprovido de segredo. "O Flamengo só tem de ser o que tem sido nos últimos jogos, repetir as últimas exibições, para além de jogar perante o seu público, no Maracanã. Não há segredos para este jogo!", concluiu.
"Não o conhecia muito bem, mas conquistou-nos: aos torcedores e ex-jogadores!"
Implacável até chegar às decisões
Jorge Jesus tem dedo para atingir finais, principalmente em semifinais a dois jogos: ultrapassou cinco das sete meias-finais a duas mãos. Na Liga Europa, caiu uma vez frente ao Braga e depois passou o Fenerbahçe e a Juventus, sempre com o Benfica; já na Taça de Portugal eliminou duas vezes o FC Porto (uma pelo Sporting, outra nas águias) e uma o Paços de Ferreira.
Caiu noutra ocasião frente aos dragões. Nesta mesma prova eliminou, com o Belenenses, o Braga, num só jogo no Restelo e na Taça da Liga venceu seis de sete semifinais.