O lado solidário do capitão do Liverpool.
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É atribuída a Jordan Henderson pelos média britânicos a ideia de pegar no telefone e convocar muitos dos colegas de profissão da Premier League inglesa para alinharem numa campanha de angariação de fundos destinados a ajudar o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido. Mais de 150 futebolistas do milionário campeonato inglês assinaram a publicação nas redes sociais a anunciar a iniciativa que partira do capitão do Liverpool e mereceu elogios até de Matt Hancock, responsável principal pela Saúde no governo de Boris Johnson e que tinha exigido cortes salariais aos futebolistas como forma de ajudar no combate à pandemia.
Aos 29 anos, este capitão da solidariedade já enverga a braçadeira dos reds há quase cinco anos - foi-lhe entregue em junho de 2015 -, sendo um verdadeiro "working class hero" (herói da classe operária) dentro de campo, para usar as palavras de uma das mentes mais brilhantes saídas de Liverpool, John Lennon. Consta que Lennon não ia muito à bola com futebol ou desporto em geral, ao contrário do pai, grande fã dos atuais campeões europeus e que terá convencido o filho e os restantes três Beatles a incluir na capa do álbum "Sgt. Pepper"s Lonely Hearts Club Band" uma imagem de Albert Stubbins, glória do Liverpool. Tal como já é Henderson, um médio de granito que dá mais nas vistas pela intensidade e capacidade física no meio-campo do que pela técnica, sendo uma espécie de recordação do futebol inglês de outros tempos numa equipa moderna e recheada de talento. Natural de Sunderland, em cujo clube se iniciou, está no Liverpool desde 2011 (estreou-se, ironicamente, contra a ex-equipa), tendo sido o primeiro a vencer o prémio de melhor futebolista do ano de Inglaterra enquanto sub-21 e sénior (2013 e 2020); também ficou na história como primeiro capitão do Liverpool a levantar na mesma época os troféus da Champions, da Supertaça Europeia e do Mundial de Clubes, que os reds ganharam este ano pela primeira vez (ao Flamengo de Jesus).
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Pelo carácter de Henderson fala, por exemplo, o facto de ter jogado lesionado num joelho a segunda parte do célebre jogo das meias-finais da Champions contra o Barcelona (vitória por 4-0 e 4-3 no agregado), mas nem tudo foram rosas na carreira deste operário do futebol, que em 2014, após ser expulso contra o Manchester City, perdeu, por castigo, três das quatro últimas jornadas, período em que a sua equipa perdeu o topo da tabela para os futuros campeões... os citizens!
O gesto solidário que agora protagonizou contribui para a imagem de referência da cidade dos Beatles, a banda sobre cujo fim se cumpriram, curiosamente, ontem 50 anos e cujos membros tinham outras preferências - Paul era do Everton, Ringo do Arsenal e George Harrison dizia que "havia três equipas em Liverpool e preferia a outra"...