Hip-hop é o estilo musical do lateral português do Guingamp, que esta terça-feira dá uma entrevista na edição em papel de O JOGO
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Vá até ao site do You Tube e faça uma pesquisa por "Stiffwrist". A expressão significa pulso firme e é o alter-ego de Pedro Rebocho no mundo da música. É também o nome do canal onde pode ver e ouvir as músicas que foi escrevendo e cantando nos últimos anos. Nesta peça, após a entrevista, pode ver um deles.
Qual a sua relação com o mundo do hip-hop?
É um hobby meu, algo que me distrai e que gosto de fazer. Desde os meus 15, 16 anos que sempre quis escrever música. Até porque não posso estar sempre focado no futebol. Tenho que ter coisas para me distrair. O hip-hop é um escape e gosto de cantar quando tenho inspiração. Sinto que é bom para mim desviar de vez em quando a atenção do futebol. Escrevo letras, gravo, depois há a masterização e a seguir o vídeo, que eu também gosto muito de fazer. Fiz um, para a música "Inverso".
Como nasceu a paixão pelo hip-hop?
Já gostava muito desde criança. Havia um DJ em Évora, que se chama Valas e lembro-me de uma vez lhe dizer: "Eu sou jogador, mas também gostava de ser rapper. E ele disse-me: Olha eu sou rapper, mas também gostava de ter sido jogador de futebol." A partir daí comecei a escrever letras, as pessoas que as liam dava-me motivação para continuar. Fiz a primeira música e a partir daí foi mais fácil. A primeira vez foi como um jogo de futebol, havia uma certa pressão, eu estava com o microfone na mão e rodeado de artistas. Deixaram-me à vontade, mas há sempre pressão por ser a primeira vez. Mas com a experiência aprende-se e evolui-se.
Quais as suas grandes influências na música?
Em Portugal é o Valas, Prof Jam, de que gosto muito. Também a Matilha 401. Internacionalmente é o Mac Miller, mas também J. Cole e Kendrick Lamar.
E dos mais novos, como Piruka e Mota Jr?
Também ouço, mais o Mota JR do que o Piruka, gosto muito de ouvir cantar em crioulo.
Como acompanhou todo o drama relacionado com a morte dele?
Não se deve associar o rap ao crime. Acontecem muitos crimes deste tipo noutras áreas que não no rap. Tem mais impacto porque são famosos. É normal haver desavenças entre os rappers, mas ao que parece, tendo em conta o que se viu na televisão, o Mota JR não foi morto por causa do rap em si, mas sim por causa de outras questões.
Sente-se mais parte do meio musical ou do meio do futebol?
Muito mais parte do futebol. Sinto-me na comunidade porque contribuo com música, mas sou jogador de futebol. Não sou rapper em full-time, não dou concertos, não lancei um projeto físico. Não há comparação, este é apenas um hobby para mim.
Que ligação encontra entre uma atividade e outra?
Quando um artista está a começar tem ambições, tal e qual acontece com um jogador de futebol. E quanto mais eu trabalhar melhor jogador eu vou ser. Na música é igual. Quanto mais escreveres, quanto mais treinares a dicção, treinares o flow, quanto mais treinares a parte da gravação, as coisas vão naturalmente ser melhores. Tanto na música como no futebol há um objetivo. No futebol é atuar em grandes palcos e competições, seja Liga dos Campeões, Seleção, na música é igual, é atuar em festivais como Sudoeste, NOS Alive, etc. Qualquer trabalho tem esse objetivo creio eu. O objetivo é sempre ser maior.
E o facto de estar na música ajuda-o no futebol?
É mais ao contrário. Quando estou melhor no futebol isso ajuda-me mais na música. Quando o futebol me está a correr bem tenho mais aptidão e à vontade para fazer música.
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