Jesus: o jogo mais especial, um problema à porta fechada e nem sequer um ovo
Jorge Jesus numa tertúlia solidária organizada pelo Flamengo.
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Jorge Jesus marca este domingo presença numa tertúlia organizada pelo Flamengo, com fins solidários, tendo abordado vários temas, respondido a algumas questões dos adeptos e recebido mensagens de elementos da equipa técnica e Octávio Machado.
"Já tenho uns anos de experiência de treinador. Hoje sou muito mais treinador do que era no ano passado e há dez anos. Ao contrário do que muitas pensam, quantos mais anos tens de carreira melhor treinador és. Todos os dias está a evoluir. Desde que tenhas esse lado criativo consegues acompanhar a evolução da tecnologia, que tem ajudado muito os treinadores e jogadores. Temos uma equipa técnica muito boa", disse Jesus sobre o trabalho desenvolvido.
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O técnico do Flamengo abordou também a ambição para o futuro. "A gente não quer defender títulos, não quer defender a Libertadores. O Flamengo quer ganhar outra vez a Libertadores. São coisas diferentes. É como se fosse a primeira vez que vamos conquistar novamente títulos", vincou.
"Antes eu era mais conhecido na Europa, agora que estou no Flamengo sou conhecido no mundo", atirou ainda Jesus.
Confira outros temas abordados:
A chegada
"Quem falou muito sobre a minha forma de trabalhar e conversou com alguns jogadores antes da minha chegada foi o guarda-redes Júlio César. Foi meu atleta e ajudou muito".
Uma conversa
"Quando o Marcos Braz (vice-presidente) se lembrou de mim, aceitei normalmente. Olhei para um clube com uma dimensão muito grande em termos de adeptos. Em termos de títulos não era o que os seus adeptos queriam. As coisas correram bem porque havia pessoas com muita competência".
Reputação
"Antes eu era mais conhecido na Europa, agora que estou no Flamengo sou conhecido no mundo".
Segredo para o sucesso
"Tenho a convicção e a ideia de que o treinador tem de ser um criativo. Esse é o caminho para o êxito. Treinador é muito mais do que além do campo, tem de ser sabedor do que se passa. Depois, em campo, vem a sua qualidade, que é olhar para os jogadores e ver o que eles representam para a sua ideia de jogo. Depois é operacionalizar no treino. Se tens talento, como treinador posso ajudar mais facilmente. É fácil dizer que Gabigol e Bruno Henrique são bons, mas por que não foi fácil antes de eu chegar? O clube está agora a ganhar porque tem uma estrutura onde todos sabem que ninguém está acima do Flamengo. Toda a estrutura do futebol trabalha para o emblema. No primeiro dia em que cheguei ao Flamengo quis ser apresentado a todos os funcionários e expliquei-lhes: 'venho para um clube onde todos têm a mesma responsabilidade. Todos somos importantes'. Correu bem".
A pandemia
"Fui testado 16 vezes. O meu porto seguro é o centro de treinos, a treinar. A equipa médica do Flamengo controla uma população toda testada. Lá estamos à vontade. O Flamengo deve servir de exemplo para as grandes empresas do Brasil. É isolar, testar e prevenir. Em casa não somos testados. Sendo testados, a população está segura. O futebol, dentro de pouco tempo, setembro ou outubro, vai ter espectadores. Vamos ser obrigados a viver com o vírus, mas tendo respeito pelos outros e não pensar que a nós não acontece. Uns vão ter e outros não".
Jogo especial
"O jogo que mais me marcou foi o 5-0 contra o Grémio, no Maracanã".
Culinária nem pensar
"Nunca cozinhei na minha vida , nem um ovo. Tem a ver com os nossos pais. A minha mãe teve três filhos, todos rapazes, e não deixava a gente tocar em nada. Às vezes dava-me uns pratos para lavar, de resto dizia que cozinha é para as mulheres. Os meus filhos sabem (cozinhar)".
Jogos à porta fechada
"No caso do Flamengo, há 70 mil a dar força, quando não estão sentes isso de forma mais negativa. O adversário fica mais liberto e acredita mais em si. Vão ficar mais ao nível das equipas grandes. As equipas mais pequenas podem virar a chave com mais facilidade".
Futebol, família, amigos e saudades
"O que me apaixona é muito mais forte que as saudades que tenho da família. A minha profissão é mais forte".