Javier Tebas aponta excesso de 500 milhões de euros em gastos salariais no futebol espanhol
Presidente da LaLiga esteve presente num fórum organizado pelo diário MARCA e passou em revista o estado económico-financeiro do futebol profissional espanhol
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O presidente da LaLiga, Javier Tebas, abordou, este sábado, o estado económico-financeiro do futebol profissional espanhol e apontou um excesso salarial de 500 milhões de euros na LaLiga, advertindo que a tributação atual sobre as remunerações criará uma "crise de talento".
"Temos um excesso dos limites salariais de cerca de 500 milhões de euros, embora se tenha feito um esforço generalizado de diminuir as massas salariais. [Ainda assim] os clubes excedem-se em 500 milhões euros, mesmo que tenha havido muita redução [de gastos]", referiu Tebas, nas primeiras palavras em entrevista num fórum do jornal MARCA.
Javier Tebas apelou, por isso, à contínua redução dos gastos salariais dos clubes que competem no futebol profissional espanhol e indicou que Barcelona, Valência e Real Madrid, trio do campeonato principal, e Saragoça e Sporting Gijón, duo do segundo escalão, são os emblemas "mais afetados" pelas implicações do contexto pandémico, num "total de 17" identificados.
"Criticam o Valência por ter que vender jogadores, mas eles não estão na Champions, o Barcelona tem que baixar salários para terminar a temporada, não há outra opção. Não é algo que os responsáveis executivos façam porque querem, mas sim pela sobrevivência dos clubes", vincou Javier Tebas.
O presidente da LaLiga comparou, ainda, a atual situação económico-financeira do futebol profissional espanhol com as realidades de outras ligas europeias, realçando a "redução de 1.200 milhões de euros em contratações na Premier League".
"Estamos melhor que os demais, mas isso não me consola", garantiu o responsável espanhol, detalhando que "faltam 490 milhões de euros para terminar a [presente] temporada" desportiva em Espanha.
Javier Tebas previu dificuldades em reter jogadores de maior qualidade no futebol espanhol futuramente, face à menor capacidade negocial, e apontou, ainda, o dedo à atuação do Governo do país-vizinho pela proibição de patrocínios de casas de apostas.
"Vamos ter uma crise de talentos, pois o governo espanhol não sabe como reagir nesta indústria. Ao invés de ter proibido apostas, deveria ter regulamentado, porque representa uma quebra de receita de 90 milhões de euros. Os jogadores nacionais e estrangeiros vão custar metade do que nos custaram a outros clubes", atirou.
Por fim, o presidente da LaLiga alertou para o impacto do futebol profissional espanhol no Produto Interno Bruto do país e advertiu para a necessidade de uma ação conjunta.
"Por trás da LaLiga existe uma grande indústria, com 180 mil empregos e que representa 1,37% do PIB. Tornar esta indústria sustentável em tempos de crise é uma responsabilidade social que temos. Temos de ser um exemplo e uma referência", concluiu.