BRINCA NA AREIA >> Durante a execução dos hinos nacionais, vários jogadores do Irão, incluindo Mehdi Taremi, seguiram os exemplos de Ali Daei e Karimi, resistentes que são hoje em dia "personas non gratas" de um regime que fez deles bandeira.
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Podem existir múltiplos vencedores numa goleada? Claro que sim. A começar por Saka e Rashford. Há um ano e meio, os meninos do Arsenal e do Manchester United falharam os respetivos penáltis na final do Europeu'2020 frente à Itália e foram alvo de uma abjeta campanha racista nas redes sociais.
Ambos se reergueram, continuaram ativos nos relvados e em projetos de cariz social e, hoje, deram três pontapés em cheio nos "heróis" do teclado, mostrando que a Inglaterra fica mais forte quanto maior é a sua diversidade. Mas, mesmo arrasada em campo, a seleção do Irão não perdeu a sua dignidade.
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Num Mundial onde o debate relativo aos direitos humanos é incontornável, os onze iranianos que entraram em campo foram protagonistas de um ato de protesto corajoso que choca de frente com um regime com tiques de Idade Média.
Durante a execução dos hinos nacionais, Beiranvand, Moharrami, Pouraliganji, Cheshmi, Hossein, Mohammadi, Nourollahi, Karimi, Jahanbakhsh, Hajsafi e Taremi fecharam a boca, negando-se a cantar um acorde que fosse do hino que glorifica o Estado Islâmico do Irão: há outro, agora oficioso, que era entoado antes das trevas.
Um gesto de coragem em solidariedade com a Revolução das Mulheres e em homenagem às vítimas da Polícia da Moral. Um gesto simbólico daqueles que seguem tanto no relvado como na vida, os exemplos de Ali Daei e Karimi, resistentes que são hoje em dia "personas non gratas" de um regime que fez deles bandeira.
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