Hulk: "Ganhei títulos importantes no FC Porto, na China, mas este é o mais saboroso"
No regresso ao Brasil, o ex-FC Porto venceu o Brasileirão, sagrou-se melhor marcador e melhor jogador da prova, e conquistou a Taça do Brasil. Que mais poderiam pedir ao Incrível?
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Com a carreira feita fora do Brasil, Hulk foi o herói do Atlético Mineiro, que há 50 anos não conquistava o título, depois de ultrapassar a desconfiança de quem pouco o conhecia. Agora, é o jogador mais elogiado no país.
Depois de anos a brilhar na Europa, foi agora campeão brasileiro, coberto de elogios, e melhor marcador da prova. Acha que o Brasil o descobriu tarde?
-No futebol não há tarde ou cedo, é como na nossa vida, como em qualquer profissão. Eu acredito que o rumo que a tua vida pode levar já está escrito. Não acho que o Brasil me tenha descoberto tarde, tudo acontece no momento certo. Saí muito cedo do meu país, por isso é normal que os brasileiros não me acompanhassem. Esse ano recebi carinho de todos, até de jornalistas de nomeada que me tiraram o chapéu; agora têm outra imagem do Hulk. O bom do futebol é isso, teres oportunidade de mostrar o teu potencial e, graças a Deus, 2021 foi espetacular para mim.
Mas lamenta não ter jogado, por exemplo, numa liga do top five europeu?
Muita gente diz que eu poderia ter jogado nos grandes clubes da Inglaterra, da Itália, da Espanha e eu respondo: "Eu poderia, mas sou muito grato a Deus pela minha carreira". Sou muito grato ao FC Porto, um dos clubes mais organizados em que joguei, ao Zenit, que também tem uma estrutura maravilhosa. Depois fui para a China, onde tive a oportunidade de fazer história, ganhando um título inédito. Após quatro anos na China voltei ao Brasil e ganhei títulos importantes, por isso só tenho que agradecer.
Este título foi o mais saboroso da sua carreira?
-Sim, foi. É claro que ganhei títulos importantes com o FC Porto, como a Liga Europa, que para mim foi das melhores conquistas; a forma como a torcida nos recebeu na baixa do Porto foi uma coisa inesquecível. Na China ganhei o título nacional, inédito para o clube, que nunca tinha vencido nada. Chegar cá e ganhar um Brasileiro pelo Atlético Mineiro, depois de 50 anos, o meu primeiro título no Brasil, e virar ídolo de um clube tão grande, com uma história tão bonita, é um sonho que se tornou realidade.
Nessa caminhada rumo à conquista do Brasileirão houve algum momento-chave?
-Sempre acreditámos no nosso grupo, que é muito bom. Iniciámos a temporada vencendo o campeonato Mineiro e depois, no primeiro jogo do Brasileiro, perdemos em casa com o Fortaleza, por 2-1, de virada. Isso causou muito desconforto, a Imprensa caiu-nos em cima e dizia "esse ano não vão ganhar nada", mas mantivemos sempre o foco. Quando tivemos a oportunidade de liderar, vencendo na casa do Juventude, por 2-1, de virada, nunca mais saímos do comando. Sabíamos que seria difícil perante concorrentes muito fortes como o Flamengo e o Palmeiras, mas depois o Palmeiras atrasou-se e focou-se na Libertadores... Essa regularidade foi fundamental, assim como o grupo muito forte, sempre se ajudando.
O futebol brasileiro mudou nos últimos anos?
-Sou suspeito para falar porque só o conhecia de ver e não de jogar, o que é bem diferente. É uma prova muito disputada: o primeiro vai jogar com o último, que já está rebaixado, e não é fácil. Exige o máximo de concentração, porque as partidas decidem-se nos detalhes. A temporada começa com 10/12 equipas apontadas ao título e, dessas, duas ou três correm o risco de serem rebaixadas. O Grémio é um exemplo disso mesmo.
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