De candeias às avessas: mais de ano e meio depois, o reencontro de Hulk e Vítor Pereira

A contar para a 19.ª jornada do Brasileirão, o Atlético Mineiro recebe na noite deste domingo o Corinthians, numa partida que marca o reencontro entre Hulk e Vítor Pereira, cerca de 20 meses depois de um episódio que os deixou de costas voltadas. No sábado, em declarações ao "Estadão", Hulk comentou o assunto.

"Vítor Pereira treinou-me no FC Porto e eu até fui capitão de equipa com ele. Aconteceu a mesma coisa na China e foi muito bom. Sempre o respeitei e desejo o melhor para a vida dele. Mas é uma pessoa que, no fim da relação, não foi correta. Não achei que ele tivesse sido correto comigo em algumas coisas", começou por afirmar o avançado que agora atua no Atlético Mineiro, a propósito de uma rutura que teve lugar a 20 de novembro de 2020, num jogo da Liga dos Campeões asiática, entre o Shanghai SIPG (onde estavam ambos) e o Yokohama.

Hulk era o astro da equipa e foi titular nesse encontro, mas aos 68" o treinador deu ordem para que fosse substituído, o que não lhe caiu nada bem. Enquanto se dirigia para o balneário, o avançado dirigia impropérios na direção do técnico, gesticulando com os braços enquanto afirmava: "Acabou!" Nos cinco encontros que faltavam até a época terminar, Vítor Pereira não voltou a convocá-lo, justificando na altura uma ausência frente ao Sydney FC: "Eu quero que os jogadores estejam com o espírito certo para jogar. Esta é a minha decisão (de não colocar Hulk em jogo) e é por isso que ele não está cá".

Citação citacao Jogador e treinador estão de candeias às avessas desde um episódio ocorrido ao serviço do Shanghai SIPG

Mais tarde, o treinador viria a revelar-se mais brando, dando a entender que tinha perdoado o futebolista: "A questão com o Hulk, são coisas normais do futebol. Acontecem e resolvem-se. O que guardo dele são as coisas positivas, os títulos que ganhámos juntos, o trabalho em conjunto. Momentos difíceis em que nos apoiámos. É o que eu guardo dele e desejo-lhe toda a sorte do mundo.

Hulk, por sua vez, também mostrou no sábado que não ficou muito tempo a pensar no assunto. "Talvez tenha errado algo com ele quanto ao comportamento. Como ser humano, foi uma deceção a forma como as coisas aconteceram. Fiz de tudo para ajudar. É uma pessoa da qual não guardo rancor, mas não tenho contacto com ele, nem faço questão de ter. Desejo-lhe felicidades e à família, mas não faz parte do meu círculo de amizades", disse, nesta entrevista ao "Estadão".

Hulk e Vítor Pereira começaram a trabalhar em conjunto em 2011, no FC Porto. O avançado, inclusive, foi capitão de equipa em muitos jogos com este treinador ao serviço dos azuis e brancos. No total, foram 133 partidas do mesmo lado da barricada, entre o clube português e os chineses do Shanghai SIPG. Esta noite (22h00), em duelo da primeira jornada da segunda volta da Série A, tem lugar o reencontro. Mas no fim da partida, a não ser que haja um empate, só um deles ficará a rir-se.

Do outro lado vai estar um interino, antes de Cuca chegar

Vítor Pereira vai defrontar um adversário orientado por um interino, Lucas Gonçalves de seu nome, à frente do Atlético Mineiro por apenas um jogo, depois da demissão de António Mohamed nos últimos dias. O Galo já encontrou o substituto, mas só na segunda-feira iniciará funções. O seu nome é Cuca e trata-se de um regresso ao clube, muito aplaudido pelos fãs, aliás, saudosos de uma das épocas mais felizes do clube: Cuca tinha entrado em março de 2021 para substituir Sampaoli e saiu em ombros nove meses depois, com a conquista do triplete alvinegro (ao vencer o Campeonato Mineiro, o Brasileirão e a Copa do Brasil).

Na primeira passagem, entre 2011 e 2013, Cuca tinha vencido dois estaduais e também uma Copa dos Libertadores, no único triunfo do clube na maior prova de clubes da América do Sul. "Nossa história com o Galo é muito grande, muito bonita, e não tinha como, neste momento, eu negar o meu serviço ao clube que tanto amo", comentou Cuca numa mensagem divulgada nas redes sociais.