A boa segunda parte com o Uruguai não esconde uma participação mediana do campeão da Europa, que projeta as futuras competições a olhar para o BI dos jogadores
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A hora é de balanço, mas também de projetar o futuro da Seleção A. Portugal cumpriu os serviços mínimos na Rússia ao garantir o acesso aos oitavos de final do campeonato do mundo, mas esperava-se mais, muito mais, do campeão da Europa, sobretudo a nível exibicional. A qualidade coletiva apresentada e também a que se viu em termos individuais deixaram muito a desejar. Esse pode ter sido um fator que levou a que nos estádios russos por onde passou a Seleção estivessem poucos portugueses. Com o decorrer da prova, e a qualificação para o mata-mata com o Uruguai, o número de adeptos esperava-se que aumentasse, mas tal não aconteceu. Em média, a Seleção Nacional contou com 1000 a 1500 adeptos por jogo. Pouco para quem é campeão da Europa.
A qualidade do futebol deixou sempre muito a desejar e, no final dos jogos, na zona mista, a pergunta era invariavelmente a mesma: foi melhor o resultado do que a exibição? Alguns jogadores já torciam o nariz e começavam a mostrar algum incómodo pela questão, mas esse foi quase sempre um facto. A boa exibição na segunda parte do jogo com os uruguaios foi uma exceção e provou que Portugal tinha capacidade para assumir o controlo dos jogos em vez de pensar como equipa pequena, apostando na velocidade de Gonçalo Guedes e Cristiano Ronaldo nos jogos contra adversários teoricamente mais complicados.
Vários jogadores desiludiram
O desempenho de alguns jogadores também deixou a desejar. Cédric esteve irregular, Raphael Guerreiro foi uma sombra do Euro"2016, Gonçalo Guedes acusou a estreia no Mundial e Bernardo Silva alinhou em quatro jogos, num total de 238 minutos, mas só nos últimos 45", ou seja, na segunda parte com o Uruguai, mostrou toques de genialidade. Acabaram por ser os mais experientes, como Rui Patrício, Pepe, José Fonte, William e Cristiano Ronaldo a ter de "segurar as pontas". Mas, curiosamente, no dia em que o central naturalizado português falhou e o melhor do mundo teve uma exibição apagada, Portugal regressou a casa.
José Fonte disse estar sempre disponível, mas a idade não perdoa e Pepe é ainda mais velho que o parceiro...
Há agora que pensar no futuro. A Liga das Nações começa já em setembro, o apuramento para o Europeu"2020 terá o seu início em março e há ainda que olhar a médio prazo, preparando o Mundial"2022. Daqui a dois anos, quando começar a defender o título conquistado em França, dificilmente haverá espaço para jogadores como Beto, Pepe, Bruno Alves, José Fonte, Manuel Fernandes e Quaresma. O eixo defensivo será um problema, depois de uma década a contar com centrais de enorme qualidade e até de classe mundial, estando incluído neste lote Ricardo Carvalho. No Euro"2020, Portugal ainda pode contar com Cristiano Ronaldo, mas, a continuar, este dificilmente apresentará um nível elevado no Mundial"2022.
O fim de linha para uma boa parte dos 23 jogadores convocados para a Rússia não deve ser sinal de preocupação para os portugueses. Deve até ser encarado como uma janela de oportunidade que se abre para os muitos jogadores talentosos que têm aparecido nos últimos anos, que têm trajeto nas seleções mais jovens e em alguns casos até mesmo com passagem pela seleção principal. A lista é extensa, mas vale sempre a pena recordar alguns nomes que provavelmente vão certamente fazer parte do futuro da Seleção A, como são os casos dos guarda-redes Diogo Costa (FC Porto) e Joel Pereira (Manchester United), dos defesas Diogo Dalot (Manchester United), Cancelo (Juventus) e Nélson Semedo (Barcelona), dos médios Danilo (FC Porto), Rúben Neves (Wolverhampton), Renato Sanches (Bayern Munique) e André Gomes (Barcelona) e dos avançados Rony Lopes (Mónaco), Bruma (Leipzig) e Rafael Leão (Sporting). Mas muitos outros estão na calha, tal é a qualidade já demonstrada por muitos jovens nas equipas bês e até nas seleções mais jovens.