"Homofobia? Para a maioria, o mundo é homem com mulher e ponto final"

Jonathan Clauss, lateral-direito do Nice e internacional francês em 14 ocasiões, declarou esta sexta-feira o seu apoio na luta contra a homofobia, mas admitiu que a homossexualidade continua a ser um tema muito sensível no mundo do futebol. 

Antes de um fim de semana em que as equipas da Ligue 1 e da Ligue 2 vão usar insígnias especiais nas camisolas para assinalar o Dia Internacional contra a Homofobia (sábado), o jogador do Nice apontou que, pessoalmente, não quer saber se tem colegas de equipa ou adversários homossexuais, mas assumiu que, com outros jogadores, nem sempre é esse o caso. 

"Sim, porque é mal visto. Alguns jogadores não querem ouvir falar de homossexualidade, dizem para si próprios: ‘Se eu aceitar isto, as pessoas vão pensar...’. Mas eu estou-me nas tintas, não tenho problemas com a minha sexualidade. Não percebo como é que a vida dos outros nos pode afetar quando não temos nada a ver com isso. Eu digo a mim mesmo: 'O que é que isso tem a ver contigo?’", referiu.

Nesse sentido, Clauss garantiu que não teria qualquer problema caso um colega de equipa se revelasse homossexual: “Dir-lhe-ia: 'Muito bem, ótimo, e depois?’. Para mim, não faria qualquer diferença, mas para outros talvez. Alguns jogadores diriam: ‘Respeito-o, digo-lhe olá e adeus, mas, para além disso, não falo com ele’. É muito complicado mudar mentalidades, porque para a maioria dos jogadores, o mundo é homem com mulher e ponto final. Penso que é uma batalha sem fim, porque nunca haverá 100% de pessoas que concordem. E o simples facto de haver um debate é um problema".

“Se há jogadores homossexuais, estão a esconder-se. Gostaria que o anúncio da saída do armário de um jogador não tivesse qualquer impacto, positivo ou negativo, no seu balneário, mas acho que não vou estar cá para ver isso. Se um jogador se sentir confortável, deve poder fazê-lo”, apelou, em jeito de conclusão. 

De acordo com a rádio RMC Sport, Mostafa Mohamed, avançado egípcio do Nantes, recusou participar no jogo de sábado contra o Montpellier, faltando a uma jornada que coincide com esta iniciativa contra a homofobia pelo terceiro ano seguido. 

O jogador será castigado pelo clube com uma multa, isto apesar de o treinador Antoine Kombouaré ter justificado a sua ausência no jogo, em conferência de imprensa, com uma “pequena lesão muscular”. “Podemos imaginar tudo, mas isso é o que menos me preocupa. Estou a preparar-me para um jogo vital para o clube”, atirou, referindo-se à luta pela permanência dos “canários”.