Haller recorda batalha contra o cancro: "Não houve tempo para ficar emocional"
Avançado costa-marfinense foi diagnosticado com um cancro testicular em agosto do ano passado e, após quase oito meses afastado dos relvados, fez a estreia pelo Dortmund numa vitória por 4-3 frente ao Ausburgo, em jogo da 16.ª jornada da Bundesliga.
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Sébastien Haller recordou esta quarta-feira a batalha contra um cancro testicular que o afastou dos relvados durante quase oito meses e que culminou com a estreia oficial pelo Dortmund a 23 de janeiro, numa vitória por 4-3 frente ao Ausburgo, em jogo da 16.ª jornada da Bundesliga
"No primeiro dia, não sabia que era cancro. Eles disseram apenas que um tumor. Eu não sou médico, então não sabia exatamente o que significava. Perguntei ao doutor: 'É cancro?' Ele disse que sim e eu respondi: 'Então diga logo isso" Claro que percebes que algo sério está a acontecer e que muitas coisas podem musar. Mas o urologista ajudou-me a não ter medo. Ele disse que poderia recuperar bem e eu acreditei", contou, em declarações à BBC.
Haller prosseguiu, revelando como contou a notícia à mulher: "Não houve tempo para ficar emocional. Ela estava com os miúdos e eu tinha outras coisas para fazer. Tive de ser direto: 'Por favor, senta-te. Preciso de contar-te uma coisa séria'. Tive de ser rápido para que ela conseguisse processar. Infelizmente, é essa a posição que tens de tomar quando estás casado. Tens de partilhar tudo. Não podes simplesmente evitar algumas partes do problema", frisou o dianteiro.
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À medida que foi atravessando tratamentos de quimioterapia, o que resulta em queda capilar, Haller não se inibiou de mostrar a sua imagem de forma pública, explicando que a fase mais difícil da recuperação foi explicar a situação aos filhos.
"Quando tens filhos, não tens tempo para te sentires mal, porque eles precisam de ti. Não importa o que aconteceu, tens de lhes mostrar que está tudo bem. Claro que há sempre maus momentos e não foi fácil porque estava doente, toda a atenção estava virada para mim e não para outras pessoas da minha família, que também estão em sofrimento. Ninguém quer saber deles, o que é um grande problema. Para eles [filhos], foi muito complicado. Eles viram as mudanças que passei, a minha cara chegava. Esta foi a parte mais difícil de lidar. Sentes-te cada vez mais stressado e preocupado e torna-te mais cuidadoso com o que dizes e fazes à frente deles", explicou.
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Em jeito de conclusão, Haller deixou uma palavra de agradecimento a todos os que lhe demonstraram apoio enquanto estava a recuperar, inclusive ao Dortmund, revelando ter ficado a sentir-se mal pelo clube alemão quando recebeu o diagnóstico.
"Eu pensei: 'Eles compraram um jogador e, depois de duas semanas, eu não posso jogar por eles durante não sei quanto tempo. Que mau negócio'. Claro que eu queria regressar e retribuir todo o apoio que me deram, foi muito importante. Eles deram-me algo antes que eu lhe desse algo a eles. Mas eu sempre soube que ia conseguir ultrapassar isto. Grande parte [da recuperação] foi mental e a segunda cirurgia tornou isso um pouco mais difícil, mas eu sabia que ia voltar", concluiu.
Desde que venceu o cancro e regressou aos relvados, Haller, de 28 anos, até já se estreou a marcar pelo Dortmund, somando um golo e uma assistência em seis partidas disputadas pelo clube alemão.