"Há algo mais a fazer, porque senão vamos deixar aquelas pessoas morrer..."
Treinador português Paulo Fonseca chegou esta segunda-feira a Portugal, acompanhado da mulher e do filho, falando aos jornalistas sobre os complicados últimos dias. Recorde-se que o antigo treinador de Roma, Shakhtar Donetsk, Braga e FC Porto, entre outros, deixou a capital da Ucrânia na quinta-feira, através da missão de repatriamento da embaixada de Portugal em Kiev.
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É preciso fazer mais: "Sinto alívio de ter oportunidade de trazer a minha família e de estarmos em segurança, mas volto a dizer, é um sofrimento muito grande, viver, perceber o que se está a passar lá. Uma coisa é o que vemos, outra é o que vivenciamos, a realidade é completamente diferente. Há muita gente a sofrer e na frente de batalha, é uma luta muito difícil. A comunidade internacional tem feito muito para ajudar a Ucrânia, mas sinto que é manifestamente insuficiente para salvar a vida daquelas pessoas. Têm-se esforçado ao máximo para ajudar, mas sinto também que há algo mais a fazer, porque senão vamos deixar aquelas pessoas morrer. Todos nós temos de lutar por aquele povo."
Cerca de 40 portugueses ainda na Ucrânia: "Aos portugueses que lá estão e às famílias que também são constituídas por ucranianos: tenham esperança e continuem a lutar, a saída está cada vez mais difícil, mas tenho a certeza que a embaixada vai continuar a ajudar e vão sair em segurança de lá."
Mensagem da mulher de Paulo Fonseca, Katerina Fonseca
"Primeiro de tudo, muito obrigada pela vossa hospitalidade, mas tenho de confessar que o meu coração não está aqui, está na Ucrânia, com os meus amigos, com as minhas pessoas, com as pessoas ucranianas que ficam lá no meio das bombas. Estou aqui apenas para usar a oportunidade de partilhar a mensagem com Portugal e toda a Europa para dizer que é completamente inaceitável. É tão difícil de ver como as crianças, mulheres e pessoas de paz estão a morrer. O meu coração está completamente partido. Quando estávamos à espera do avião, exatamente nesse momento, uma das maiores cidades da Ucrânia foi bombardeada pela aviação russa e morreu muita gente. É uma crueldade incrível. Estudei lá na universidade, conheço muito bem a cidade. As cidades estão a sofrer bombardeamentos, a nossa gente está a morrer. Quero pedir ajuda a quem nos está a ouvir."
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