Glória não trava ambição de Portugal: o que esperar no futuro da Seleção?
Fernando Santos foi o engenheiro do Euro"2016 e tem feito uma renovação tranquila, beneficiando da muita matéria-prima. Na conquista da Liga das Nações só nove jogadores tinham estado em França.
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A equipa das Quinas será pelo menos mais um ano a campeã da Europa, um título ganho no dia 10 de julho de 2016, no Stade de France em Paris. Um pontapé de Éder, no prolongamento, derrotou a seleção anfitriã por 1-0 e a maior conquista do futebol nacional até hoje.
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Fernando Santos foi o engenheiro do Euro e continua à frente da Seleção Nacional pela qual, em 2019, conquistou um novo troféu: a primeira edição da Liga das Nações, esta ganha em Portugal, no Estádio do Dragão, graças ao remate certeiro de Gonçalo Guedes na final frente à Holanda (1-0).
A vitória de há quatro anos não levou os responsáveis da Seleção - dirigentes, treinadores e até jogadores - a conformarem-se, muito pelo contrário. A exigência redobrou, tal como a ambição de fazer mais e melhor apesar do terceiro lugar na Taça das Confederações"2017 e da eliminação nos oitavos de final do Mundial da Rússia"2018 terem ficado aquém das expectativas.
De 2016 para cá, Fernando Santos tem vindo a proceder com relativa tranquilidade a uma renovação. Éder, para sempre o herói do Euro, não voltou a estar presente em nenhuma grande competição, assim como outros, casos de Ricardo Carvalho ou Renato Sanches, então a estrela ascendente do futebol nacional, mas cuja transferência para o Bayern travou a progressão na carreira. Agora no Lille, o médio voltou a ser um jogador importante e certamente entra nos planos do selecionador para o futuro.
Há um ano, na Liga das Nações, restavam oito campeões europeus entre os 23 convocados. Rui Patrício, Pepe, José Fonte, Raphael Guerreiro, William, Danilo, João Moutinho e Cristiano Ronaldo são um núcleo duro de que Fernando Santos só tem abdicado em caso de lesões - ou gestão de esforço como já sucedeu com o CR7 -, enquanto Rafa é um de vários jogadores que, sendo da confiança do técnico, tanto pode estar dentro como fora de uma lista final de 23 (falhou a Taça Confederações e o Mundial).
Portugal encerrou o apuramento para o Euro"2020 a 17 de novembro do ano passado e volta a jogar apenas dia 5 de setembro, ou seja, com um intervalo de 293 dias
Contabilizando os jogos de apuramento do Euro"2020 e os das fases finais das quatro competições jogadas desde 2016, Rui Patrício destaca-se como o único totalista. Na defesa, a competição à direita é fortíssima e apesar de Cédric ter perdido "gás", não é de excluir que em 2021 possa competir com Nélson Semedo, Ricardo e Cancelo por um lugar no Europeu. Ao centro, Rúben Dias tornou-se o parceiro privilegiado de Pepe ou Fonte e não há um quarto central certo, apesar das recentes chamadas de Rúben Semedo, ainda sem internacionalizações "A". À esquerda, a hierarquia Raphael Guerreiro titular e Mário Rui suplente parece definida.
Para o meio-campo, a abundância é enorme e inclui, além dos pesos pesados já referidos, vários atletas com experiência em fases finais. Mas o destaque vai para Bruno Fernandes que, depois do Mundial, tornou-se um dos indiscutíveis. Rúben Neves tem sido, também, uma aposta frequente do técnico nacional.
O ataque tem como referência máxima o capitão e goleador histórico Cristiano Ronaldo por quem os anos parecem não passar. Ausente em 2016 por lesão, Bernardo Silva tem vindo a ganhar também protagonismo (foi o segundo melhor marcador no apuramento do Europeu). Decisivo na Liga das Nações, Guedes tem sido intermitente, também por culpa das lesões, enquanto João Félix, promessa maior do futebol nacional, ainda procura afirmação plena. Extremos alternativos há com fartura e têm sido chamados consoante o momento de forma, o mesmo sucedendo com os avançados centro, sendo que André Silva, com excelente final de época no Eintracht Frankfurt, é o que apresenta os melhores registos na Seleção.