A Nova Zelândia pode não ser o país do futebol, mas, reage mal à corrupção. O escândalo a poucos dias do Mundial colocou o futebol nas primeiras páginas, pelos piores motivos. Cartão vermelho foi a reação local.
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Os fortíssimos indícios de corrupção que levaram à detenção de vários dirigentes da FIFA conseguiram fazer pelo Mundial de Sub-20 da Nova Zelândia o que o esforço de promoção do torneio a nível local ainda não lograra e levaram-no às primeiras páginas da imprensa, num dos casos, ilustrado com um cartão vermelho. Em Hamilton, na unidade hoteleira que acolhe as equipas do Grupo C, Carlos Coutada, vice-presidente federativo, não quis, ontem, comentar o assunto, uma vez que Humberto Coelho já o fizera, em Portugal. Da parte da comitiva do Catar, também não houve qualquer reação. "Eu respondo apenas pelos Sub-20", escusou-se Abdullah Al-Sulaiti, assessor de imprensa da delegação do país que organizará o Mundial de 2022, uma opção polémica da FIFA que desencadeou investigações à corrupção na instituição.
Apesar da ausência de declarações, o impacto ação policial na Suíça no torneio da Nova Zelândia foi indisfarçável, designadamente, por estar nas primeiras páginas da imprensa local. As detenções coincidiram com uma receção dos autarcas de Auckland à FIFA, e apanharam de surpresa quem dá a cara pelo torneio que tem o pontapé de saída marcado para sábado, precisamente naquela cidade, com um jogo entre a equipa da casa e a Ucrânia. É fácil imaginar o constrangimento de Marion Mayer-Volfelder, responsável da FIFA pelo Mundial de Sub-20, quando questionada pelo New Zealand Herald sobre o terramoto que abalara a instituição, na Europa. Acabada de chegar ao evento, disse nada saber e acabou por se declarar "a pessoa errada" para falar do assunto, por ser "demasiado político", e remeteu para a conferência de imprensa... em Zurique. Ficou-se pelas fotos de circunstância e pelas palavras bonitas para a organização, e acabou por ser um responsável local a deixar o desejo de que os danos sejam mínimos. "Não antecipamos que estes acontecimentos tenham impacto no torneio", declarou Dave Beeche, na que terá sido, porventura, a mais desconfortável de todas as iniciativas protocolares até aqui, embora tenha sido a mais eficaz a chamar a atenção da população da Nova Zelândia para o Mundial de Sub-20, embora pelos piores motivos.