Mexicanos apontam o regresso de uma maldição para explicar nova derrota do Cruz Azul na final do Campeonato Abertura. Um centro de estágio (alegadamente) assombrado por ter sido ampliado para terrenos de um cemitério é encarado como o grande responsável por um jejum que dura desde 1997
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Num país que tem um "Dia de Los Muertos" reconhecido como "Património Cultural e Imaterial da Humanidade" pela UNESCO é fácil recorrer a questões extrassensoriais para explicar o calvário do Cruz Azul. Comandados por Pedro Caixinha, os "Cementeros" foram batidos pelo rival América na final do Campeonato Abertura do México e passaram a somar seis derrotas consecutivas em finais da principal competição do país.
Este jejum até motivou a criação do termo "Cruzazulear", sinónimo de "estar perto de um título e falhar no último instante", que entrou no Dicionário Larousse da América Latina, bem como uma mensagem especial de solidariedade do presidente do México. "Parabéns ao América e ânimo para o Cruz Azul. Quem espera sempre alcança", escreveu Andrés Manuel Obrador, no Twitter.
A história começa em 1999, quando um super-favorito Cruz Azul perdeu a final do Campeonato de Inverno para o Pachuca, que venceu o título após ter iniciado a prova como um dos principais candidatos à descida. Posteriormente, os "Cementeros" foram derrotados nas finais do Abertura e do Clausura de 2008 por Toluca e Santos Laguna, respetivamente. Em 2009 foi a vez do Monterrey "roubar"-lhes o título do Abertura e, em 2013, surgiu o maior dos choques. Quando tudo parecia encaminhado para o término da maldição, o Cruz Azul sofreu um golo do... guarda-redes do América nos descontos e acabou por perder a final no posterior desempate por penáltis.
Todo este infortúnio, acentuado pela derrota do passado fim de semana, serviu para reacender o debate em torno dos motivos que levam à alegada maldição do Cruz Azul. A principal teoria está relacionada com a academia do clube: La Noria. Construído no final da década de 90 ao lado do Cemitério Xilopetec, o centro de estágio foi ampliado em 1998 - um ano após o último título do Cruz Azul - para terrenos que, alegadamente, continham sepulturas. O "castigo" dos mortos veio em forma de assombrações que os seguranças do recinto e o motorista do autocarro da equipa juram a pés juntos que se passeiam pelos relvados onde treinam os jogadores, seja na forma de "uma menina vestida de branco" ou de "cães com olhos vermelhos". Outros relatos garantem que se podem ouvir "crianças a jogar à bola" nos campos vazios de La Noria.
Na antevisão dos dois encontros da final, Pedro Caixinha fez sempre questão de desvalorizar as forças do oculto e exaltar a excelente campanha da equipa, que terminou em primeiro lugar na fase regular. No entanto, e face ao desfecho do campeonato, o treinador que não crê em bruxas deve ter ficado a pensar... "que las hay, hay".