Vencedor da Premier League em 2001, Luke Chadwick foi alvo de piadas por parte de um programa da BBC sobre a sua aparência e admitiu que esse tipo de gozo fez com que desenvolvesse problemas como ansiedade e depressão quando era jovem
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Luke Chadwick, antigo médio inglês que venceu a Premier League pelo Manchester United em 2001, recordou esta sexta-feira à BBC a forma como, em jovem, sofreu de problemas mentais como ansiedade e depressão devido a piadas que faziam sobre a sua aparência na altura.
O ex-jogador, atualmente com 44 anos, chegou a ser alvo de gozo por parte de um programa da BBC e abordou o impacto desse tipo de comédia há alguns dias, motivando pedidos de desculpa dos apresentadores Nick Hancock e Gary Lineker.
Autor de uma autobiografia intitulada “Not Just a Pretty Face” (Não Sou Apenas uma Cara Bonita), Chadwick explicou que, durante a sua passagem por Old Trafford, entre 1999 e 2004, onde nunca se conseguiu afirmar como titular, não tinha a “inteligência emocional” necessária para lidar com este tipo de piadas, acabando por deixar que afetassem a sua saúde mental e vida extracampo.
“Com 19 ou 20 anos, devia ter sido a melhor altura da minha vida, mas durante um período de tempo... Eu não queria ir às compras, não queria sair com os meus amigos, só queria ficar em casa porque tinha medo de que as pessoas falassem sobre a minha aparência. O futebol sempre foi o lugar onde me sentia livre, onde não pensava em mais nada. Penso que foi fora do desporto que me afetou mais, foi algo pelo qual fiquei obcecado internamente. Eu não gostava de sair de casa porque, na minha cabeça, eu seria apenas alvo de abuso ou gozado pela minha aparência, quando, na realidade, não era esse o caso”, contou.
“Os meus pensamentos eram sobre ser vulnerável ou fraco. [Pensava:] ‘Não posso demonstrar qualquer sinal de fraqueza’, quando, na realidade, a nossa vulnerabilidade é a nossa maior força. Eu não podia falar com ninguém sobre isto, nem com a minha família ou amigos, era algo que mantinha cá dentro e provavelmente sentia-me impotente, porque simplesmente não sabia como lidar com isto e, no fundo, só queria que acabasse. Foi até sair do Manchester United, com as luzes da ribalta mais longe, que pude reconstruir a minha confiança e viver uma vida verdadeira feliz”, explicou.
Dizendo-se sortudo por ter tido o apoio da sua família e da sua mulher – namorada na altura – nessa recuperação, Chadwick, que jogou no Reading, Burnley, West Ham, Stoke City, Norwick e Cambridge após deixar o United, recusou, no entanto, culpar esses problemas de autoconfiança por nunca se ter conseguido impor nos “red devils”.
“A razão pela qual eu não tive uma carreira brilhante no Manchester United não foi por causa do abuso que sofri. Foi porque eu não me consegui manter a um nível alto, sofri com algumas lesões e nunca fui capaz de jogar ao mais alto nível”, concluiu.