Ex-FC Porto recorda infância difícil: "Não tinha dinheiro e deixei de ir aos treinos"

Casemiro conquistou três Ligas dos Campeões consecutivas pelo Real Madrid, mas os primeiros passos no futebol não foram fáceis para o médio-defensivo, que chegou a representar o FC Porto em 2014/15.

Em entrevista aos canais oficias da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e à margem da Copa América, o jogador 27 anos recordou a infância complicada e o esforço da mãe, Dona Magda, que trabalhava para sustentar os três filhos com um salário baixo.

destaquenaoperca 11065874

"Lembro-me do dia em que ganhei o primeiro salário, foi a primeira casa que comprei, o maior sonho que tinha desde sempre. Queria comprar uma casa para a minha mãe, porque sempre morámos sob regime de aluguer e de favor. Com 15 anos realizei esse sonho para a minha família", começou por contar Casemiro, que esteve próximo de abdicar da carreira de futebolista:

"Fui na primeira semana [treinar no São Paulo], mas na seguinte tinha de pagar a mensalidade. Como não tinha esse dinheiro, deixei de ir. Eram sete reais por mês e eu não os tinha. O treinador viu o meu potencial e decidiu deixar-me continuar, disse que não precisava de pagar, que ele tratava disso. Ajudou-me muito, emprestava-me chuteiras, roupa... Sou-lhe muito grato", afiançou o médio do Real, aludindo ao professor Moreira, que lhe providenciou as viagens diárias de 100 quilómetros até São Paulo.

Quando ficou definitivamente hospedado no alojamento do clube "tricolor", o panorama melhorou, mas nem aí Casemiro deixou de encontrar dificuldades: nos primeiros meses, contraiu hepatite A e viu a continuidade no clube em risco. O clube não deixou cair a aposta no internacional brasileiro e o balanço final acabou por ser positivo. Casemiro singrou na formação e, depois, na equipa principal do São Paulo, assinando pelo Real Madrid em 2012.

destaquenaoperca 11061504

"O grande êxito da minha vida foi amadurecer tão cedo. Com 15 anos, eu já era o pai da família e sabia que minha família dependia de mim. A minha mãe trabalhava, era diarista, mas não ganhava quase nada, eu sabia onde tinha que chegar. Amadureci muito rápido, é uma das coisas que mais agradeço na minha vida e também agradeço ao São Paulo por me ter feito homem. Quando fui para lá, eles fizeram-me crescer como ser humano, acho que não só como jogador, mas como pessoa", concluiu o ex-FC Porto.