"Estou com alguma expectativa para ver como será coordenada a invasão ao Catar"
Luís Castro está curioso pela receção dos adeptos no Catar.
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A realização do Mundial'2022 no Catar "exigirá muita tolerância, ética desportiva e fair play de todos", adverte o treinador Luís Castro, falando na prontidão de oito recintos climatizados e situados num raio de 55 quilómetros.
"Há uma coisa em que este campeonato do mundo difere de todos os outros, que é ser disputado num país muito pequeno, onde estarão milhares de pessoas para o ver. Estou com alguma expectativa para ver como será coordenada essa invasão", disse à agência Lusa o atual técnico dos brasileiros do Botafogo, que trabalhou no emirado em 2021/22.
A 22.ª edição da prova realiza-se no Catar, entre 20 de novembro e 18 de dezembro, em plena temporada 2022/23, com Portugal a defrontar Gana (24 de novembro), Uruguai (dia 28) e Coreia do Sul (2 de dezembro), orientada pelo treinador luso Paulo Bento, no Grupo H.
"Podemos esperar o melhor da organização, pois já foram testados estádios cheios e as dinâmicas de conduzir equipas e adeptos até lá. A Taça das Nações Árabes de 2021 foi feita com esse intuito e testaram tudo com êxito. A nível infraestrutural, estão prontos", lembrou, sobre um país com 11.500 quilómetros quadrados e 2,9 milhões de habitantes.
O Mundial'2022 decorre em oito recintos, que estão dispersos pela capital Doha, onde a equipa das quinas se estreia na primeira fase, e pelas cidades de Al Khor, Al Rayyan, Al Wakrah e Lusail, palco da final, com capacidades entre 40.000 e 80.000 espetadores.
De acordo com a FIFA, 24 das 32 seleções ficarão alojadas num raio de 10 quilómetros, acautelando uma experiência menos cansativa para jogadores e comitivas no 18.º país anfitrião do torneio, enquanto Portugal vai estagiar a 30.000 metros do centro de Doha.
"É um campeonato do Mundo confortável para quem vai ver, mas que exige um conjunto de comportamentos ajustados. O fair play tem de estar muito presente, até porque os adeptos locais estarão muito próximos dos adeptos dos diferentes países presentes na prova e terá de haver muita plasticidade das forças de segurança", admitiu Luís Castro.
A prova volta à Ásia, continente que se tinha estreado em 2002, então na primeira edição em dois países, na Coreia do Sul e no Japão, para agora acontecer de forma inédita na região do Médio Oriente e ter a maior distância entre estádios cifrada em 68 quilómetros, conferindo aos adeptos a possibilidade de assistirem ao vivo a mais de um jogo por dia.
"Se nos outros Mundiais as pessoas estavam em zonas muito diferentes e havia grandes distâncias entre cidades, aqui toda a gente vai estar em Doha ou nos arredores e tudo funcionará num raio de distância menor entre estádios. Ou seja, vai ser confortável, mas exigindo muita tolerância, ética desportiva e fair play, porque vai haver sempre países a ganhar, outros a perder e a aceitação da derrota não é igual em toda a gente", reforçou.
Desde há três anos a trabalhar no estrangeiro, Luís Castro foi campeão ucraniano com o Shakhtar Donetsk (2019/20) e venceu a Taça do Emir do Catar pelo Al-Duhail (2021/22), antes de rumar ao Botafogo, do principal escalão da única nação pentacampeã mundial.
"Vamos ter um Mundial que receberá bem. Não vejo nenhum problema a esse nível. São pessoas muito afáveis, disponíveis para ajudar e que estão muito treinadas para receber. Depois, os hotéis e as residências são de grande qualidade, mas não sei se irão estar tão preparados para uma invasão de pessoas que vai exigir muito deles. Pode haver uma ou outra falha de serviço, mas serão pontuais. Na globalidade, o país está pronto", garantiu.
Por causa do clima desértico do Qatar, com temperaturas médias de 50 graus celsius no verão, o Mundial'2022 foi desviado para o final do ano civil, sendo que o treinador, de 61 anos, espera ver "condições ótimas" para a prática futebolística, na ordem dos 25 graus.
"Não havia um problema dentro dos estádios, porque têm ar condicionado, mas cá fora. Quando trabalhei no Catar, chegámos a jogar com 20 graus lá dentro, quando se faziam sentir 45 ou 50 em alguns dias. Daí a mudança do Mundial para esta altura, em que há temperaturas muito amenas, níveis de humidade bons e condições ideais", enquadrou.
Esse cenário contempla ainda "relvados do melhor do mundo", com Luís Castro, que já orientou Penafiel, FC Porto, Rio Ave, Chaves e Vitória de Guimarães, na I Liga portuguesa, seguro de que "ninguém se queixará das condições de treino ou jogo".