ENTREVISTA (Parte 1) - Podence aumentou, em janeiro, o contingente luso do Wolverhampton, a troco de 19,6 M€, que foram para a conta do Olympiacos. Rui Patrício aconselhou a mudança e só falta "começar a jogar mais".
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Podence já foi convocado para a Seleção Nacional, mas ainda não se estreou. Adiamento do Europeu beneficia-o, mas, "à partida", é uma desvantagem para os nomes mais como Ronaldo ou Pepe.
Há um ano, em entrevista a O JOGO, disse que "estava apenas focado no Olympiacos". Um ano depois, a sua vida mudou muito...
-É verdade. Na altura não sabia do interesse de nenhum outro clube e a mudança para o Wolverhampton aconteceu de uma forma inesperada.
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A transferência para Inglaterra foi um processo que se arrastou durante quase todo o mês de janeiro. Isso criou-lhe alguma ansiedade?
-Vir para Premier League deixou-me um pouco ansioso, só que ao mesmo tempo sentia-me muito bem no Olympiacos. Soube do interesse do Wolverhampton por volta do dia 5 de janeiro, ao mesmo tempo que também me falaram do Sevilha, mas acabei por me mudar para Inglaterra apenas no dia 29 ou 30.
Com tantos portugueses no clube, procurou falar com algum deles para se aconselhar?
-Falei com o Rui Patrício, pois já tínhamos jogado juntos no Sporting, somos amigos e ele falou-me muito bem do clube. Isso também me fez vir para Inglaterra.
A adaptação foi mais fácil por estar num meio com uma marcada influência lusófona?
-Isto é quase como adaptar-me a uma equipa portuguesa e no Olympiacos foi o mesmo. No fundo, eu nunca tive problemas de adaptação, pois nunca fui para uma equipa que não tivesse um português.
Mas no Olympiacos era indiscutível e nos "Wolves" ainda só foi titular uma vez. Falta começar a jogar mais?
-Claro que falta. A adaptação foi boa, contudo, vai ser ainda melhor com mais tempo de jogo. Só vim para cá há pouco mais de um mês e estou consciente da qualidade da equipa, mas é claro que vim para jogar.
Olha para Diogo Jota e Rúben Neves e sente que, fazendo boas épocas, fica mais perto da Seleção Nacional?
-Quem joga todas as semanas está mais perto de atingir o topo. No Olympiacos estava a lutar para ser campeão e disputava a Liga dos Campeões, mas os maiores clubes europeus não olham para a Grécia, apesar de lá haver muita qualidade. Vim para o Wolverhampton para ganhar outra visibilidade que dificilmente a Grécia me dava. Quanto à Seleção, se mostrar qualidade será uma questão de tempo até ser chamado.
"Nos Wolves ganho outra visibilidade"
Esperava ser convocado para o torneio do Catar e posteriormente para o Europeu?
-Quem não joga, teoricamente não vai à Seleção. Não estava à espera de ser chamado para estes jogos de março. Quanto ao Europeu, não sei se não iria fazer uns bons dois meses para poder ser convocado... Este ano estava difícil. Por isso, vou ter tempo para colocar-me como selecionável.
Como é que o Podence e os restantes portugueses dos Wolves reagiram à decisão da UEFA?
-Com naturalidade. Não é fácil adiar um Europeu, mas a decisão faz todo o sentido.
Mais um ano em cima de nomes como Cristiano Ronaldo, Pepe ou Moutinho pode prejudicar Portugal?
-À partida é uma desvantagem e não falo só de Portugal, mas de vários jogadores que iriam acabar a carreira neste Europeu. Ou fica para o ano, ou alguns não vão conseguir despedir-se como queriam.
"EM WOLVERHAMPTON FAZ UM FRIO MUITO PARTICULAR"
Daniel Podence só tem sensações positivas dos primeiros tempos na Premier League. No fundo, o extremo está a vivenciar toda a fama que o campeonato inglês tem. "É o que toda a gente vê: uma liga muito competitiva, com estádios sempre cheios e recheada de qualidade", avalia. Desafiado a eleger um ponto negativo, o camisola 10 nem hesitou. "Faz um frio que é muito particular", respondeu. E serão as temperaturas piores do que na minhota Moreira de Cónegos, onde Podence jogou? "Em Moreira também faz calor... aqui é só frio".