"Em Itália, todos reconhecem o valor do FC Porto. Agora, do que se vê ao que se quer ver..."
ENTREVISTA - Adrien diz que os dragões podem competir contra qualquer equipa e que "quando essa força não é respeitada" acontecem surpresas.
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A eliminação da Juventus provocou quase um "terramoto" em Itália, mas o médio diz que os dois jogos frente ao FC Porto mostraram o valor dos portistas.
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Ao fim de dez anos, a Juventus está em risco de perder o campeonato e Cristiano Ronaldo está sob fogo, quase como culpado de todos os males, depois da eliminação da Champions frente ao FC Porto...
-Pode ser o fim do ciclo da Juventus, o que demonstra que o nível evoluiu. As outras equipas investiram muito... graças ao Ronaldo. Ele, ao vir para Itália, atraiu muita gente, quer queiram quer não. Agora é um alvo fácil. É o número um e está sempre na boca de toda a gente. Por um jogo ou uma eliminatória que coletivamente corre mal, o individual é que sobressai. É aquilo a que grandes jogadores como ele estão sujeitos. São os mais fáceis de criticar. Não é a primeira vez para ele, nem será a última. Mas o Ronaldo sabe lidar com isso perfeitamente. Ele tem mostrado que isso lhe passa ao lado e continua a bater recordes.
Sentiu muito as ondas de choque pelo que o FC Porto fez à Juventus? Sentiu-se aí esse "terramoto"?
-Sentiu-se muito. Eu e aqueles que conhecemos FC Porto e as outras grandes equipas de Portugal sabem que podem competir com qualquer equipa da Europa quando são bem trabalhadas. Quando essa força não é respeitada, estas surpresas acontecem, mas quem viu os dois jogos não foi surpresa nenhuma.
"FC Porto desvalorizado? Foi mais o facto de a Juventus não ter sido competente o suficiente para ultrapassar o FC Porto"
Mas sentiu que o mérito do FC Porto foi desvalorizado?
-Acho que não. Foi mais o facto de a Juventus não ter sido competente o suficiente para ultrapassar o FC Porto. Do que comentei aqui com os jogadores em Itália, todos reconheceram o valor do FC Porto. Agora, do que se vê ao que se quer ver, é diferente...
Está surpreendido por o Benfica estar tão afastado da luta?
-Sim, bastante. Por aquilo a que assistimos no princípio da época, com as contratações e com o regresso do míster Jorge Jesus. Surpreendido, também, pela irregularidade que a equipa apresentou... mas isso é bom para o Sporting [risos].
Os mais críticos dizem que Jorge Jesus já não é o mesmo treinador. O que guarda do tempo em que trabalhou com ele?
-As pessoas julgam muito por fora. Veem na televisão e acham que podem perceber. Quem pode julgar é quem está lá diariamente no Benfica com ele. Recordações dele, tenho a sua intensidade e paixão no que faz. Com ele não há um dia de descanso. Ele não pensa "hoje vou dar menos intensidade no treino". Não... Todos os que trabalham com ele sabem disso. Não sei se ele mudou ou não.
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Como observa o crescimento do Braga? Acha que é uma força a ter mais e mais em conta e espera que um dia seja campeão?
-Não estou à espera [risos]. Isso seria mau para o Sporting. Percebo a pergunta. É uma força que sobe cada vez mais. Quando competia contra eles, sentia que estavam a ficar mais competentes e mais fortes. O Braga tem-se aproximado do nível dos grandes e tem continuado esse caminho, crescendo cada vez mais. Estão a fazer um excelente trabalho, a tentar incomodar e chatear os supostos três grandes.
Cruzou-se com Carvalhal no Sporting...
-Sim, seis meses.
E que opinião tem da forma como o técnico tem colocado a equipa do Braga a jogar?
-Depois do Sporting, ainda nos cruzámos em Inglaterra uma vez ou duas, estava ele no Swansea. Falámos bastante e foram conversas muito ricas. Deu para aprender sobre vários temas. Fico contente por ele e pelo sucesso que tem no seu trabalho, mas espero que não ultrapasse o Sporting.