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Um dos clubes europeus que, no século XXI, mais apostou em futebolistas brasileiros, não tem neste momento nenhum jogador daquele país no plantel.
Falamos do Shakhtar Donetsk, emblema ucraniano que antes da guerra contava com 13 jogadores do Brasil e que, agora, ficou também sem Ismaily, lateral-esquerdo contratado ao Braga em 2013.
O defesa contou ao Globoesporte as razões do adeus. "Foram nove anos no Shakhtar, mas chegou a hora de novos desafios", afirmou o lateral, que em Portugal também passou por Estoril e Olhanense. "Eu só tinha mais um ano e, com a suspensão dos contratos pela FIFA, o Shakhtar optou pela interrupção do meu. (...) O clube vive com dificuldades e entendo perfeitamente as decisões", afirmou, contando ainda que há vários clubes brasileiros interessados nele.
Este caso, porém, pode nem se ficar por aqui, uma vez que o Shakhtar, segundo a Imprensa ucraniana, vai tentar receber ainda algum dinheiro pela saída de Ismaily. E o mesmo acontece em relação a Marquinhos Cipriano e a Vitão, que saíram para Cruzeiro e Internacional, respetivamente, depois da FIFA ter autorizado os jogadores estrangeiros de clubes russos e ucranianos a rescindirem. O Shakhtar, porém, já disse que pretende o regresso destes dois elementos, ameaçando levar o caso até às últimas consequências, leia-se, tribunais. Ou seja, neste momento, o plantel não conta oficialmente com qualquer brasileiro, mas até existe a possibilidade de vir a ser reatada essa política, inclusive com jogadores como estes, que já estavam antes no clube.
Uma filosofia que, aliás, teve um português como "ponta de lança". Luís Gonçalves, agora administrador do FC Porto, foi contratado pelo Shakhtar em 2010 para chefiar o departamento de prospeção. Um dos objetivos era o de maximizar a relação com o mercado brasileiro, que Gonçalves conhecia como poucos, até pelo vasto currículo que já tinha ao serviço dos dragões. Foram seis anos do português em Donetsk, numa época em que chegaram nomes como Taison, Bernard, Fred ou o próprio Ismaily. Na altura, o CEO do Shakhtar, Sergei Palkin, explicou que tinha apostado em Gonçalves para chefe do departamento de prospeção porque "tinha criado no FC Porto uma rede de compra e venda de brasileiros, gerando muito dinheiro".
Jogadores em destaque
Taison
Internacional de Porto Alegre
Entrou na Ucrânia pelo Metalist, que o comprou ao Internacional em 2010. O clube de Kharkiv vendeu-o depois ao Shaktar por 15 M€ e é o brasileiro com mais jogo no clube (299). Regressou ao Internacional.
Brandão
Retirado
Deu início à aposta do clube no mercado brasileiro. Chegou em julho de 2002, proveniente do Iraty e saiu sete anos depois para o Marselha, com 90 golos apontados em 218 partidas realizadas.
Fred
Manchester United
Foi a venda mais cara da história do Shakhtar. Comprado por 15 milhões de euros ao Internacional, acabou vendido ao Manchester United por 59 M€, cinco anos e 156 jogos depois.
Bernard
Sharjah
A maior aposta do Shakhtar, em termos financeiros, foi em Bernard, que custou 25 milhões de euros aos mineiros quando o contrataram ao Atlético Mineiro. Acabou por sair para o Everton a custo zero.
David Neres
Benfica
Foi contratado em janeiro deste ano ao Ajax, mas não teve oportunidade de estrear-se. O Benfica adquiriu-o ao Shakhtar, pagando-o com o dinheiro da dívida pelo também brasileiro Pedrinho.