Do estrelato à depressão: "Os filhos perguntavam e eu fingia que ia trabalhar"
Emmanuel Eboué, ex-jogador do Arsenal, já retirado, abriu o livro sobre a batalha contra a depressão depois de a FIFA o ter proibido de jogar por um ano devido a dívidas a ex-empresário.
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Aos 36 anos, já retirado do futebol, Emmanuel Eboué começa lentamente a recuperar de um quadro depressivo, mas a batalha ainda não está ganha. "Continuo a tomar antidepressivos", assumiu, numa entrevista ao programa "Le Vestiaire" [O Balneário] do canal francês RMC Sports.
Na raiz do problema, ou pelo menos o momento que o ex-internacional marfinense identifica como decisivo, terá estado a decisão da FIFA, em 2016, de o afastar dos relvados por um ano como punição por dívidas a um ex-empresário. Eboué, que fora durante anos jogador do Arsenal, estava na altura no Sunderland e viu subitamente o contrato ser interrompido devido à proibição de jogar.
Sem clube e a viver dificuldades financeiras depois de um complicado processo de divórcio, o marfinense afundou-se em pensamentos negativos. "Às vezes, trancava-me no quarto por três ou quatro dias e só pensava: "o que me resta?"", contou. "Os meus filhos perguntavam-me sempre quando é que eu regressava aos relvados; por isso, às vezes saía de manhã a fingir que ia trabalhar. Sem eles saberem, ficava o dia todo fora de casa e só regressava quando já estavam na cama. Não queria que eles me perguntassem por que motivo não me viam jogar na televisão", relata.
Obrigado a treinar-se sozinho, Eboué diz que muitas pessoas o "olhavam de forma diferente", mesmo os que o reconheciam. "Alguns diziam: "olha, é o Eboué, finalista da Champions 2006 pelo Arsenal" e ficavam surpreendidos". Ser afastado do futebol foi "desapontante", admite. "Não queria treinar-me de dia e era embaraçoso, para mim, ficar em casa", vinca, num relato do labirinto mental que o levou a procurar ajuda. "Ainda tomo antidepressivos porque ainda estou numa longa caminhada. O objetivo, agora, é que outros possam aprender com este meu exemplo."
Além do Arsenal, o ex-internacional marfinense, que despontou na Bélgica, passou pelo futebol turco, onde representou o Galatasaray.
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