Ex-FC Porto com projeto para abordar temas tabu: "É necessário assumir responsabilidades"
Lateral falou com o Esporte Interativo a propósito do projeto "Voz Futura", que promove discussões sobre temas como a saúde mental e a igualdade de género e que tem como lema "Primeiro procuramos aprender, talvez ensinar, mas sem dúvida crescer"
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Nascimento do projeto: "Eu lia bastante e aquilo fazia-me mal, estava a consumir muita notícia negativa, tragédia. Claro, concordo que essas informações são necessárias para entender o mundo, fazer as avaliações do que é bom ou mau, mas aquilo estava a afetar o meu dia-a-dia, a minha energia. Disse: "Não estou a fazer nada, estou em casa à toa, gostava de ajudar mais, trazer frase boas de se ler, ações positivas, conversas porreiras e produtivas."
Olhar para a profissão de futebolista: "Como atleta profissional, representante dessa classe, entendo que é necessário cada vez mais demonstrarmos aquilo que somos, encurtar as distâncias e assumir as responsabilidades, não só profissionais, mas também sociais, da nossa profissão."
Saúde mental é um dos temas mais recorrentes na página, que tem a cor amarela como predominante: "Escolhemos essa cor devido ao setembro amarelo e à questão do suicídio. É um tema que achávamos, que deveria ser mais falado. Muitas pessoas acham mau debater o suicídio, é até um tabu, mas tem de ser dito, muita gente vai embora porque não tem auxílio, tem medo de falar, não sente segurança em "abrir-se"."
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Explicação para o nome "Voz Futura": "Às vezes, encontras-te num momento que não é bom, sentes que não tens voz. Porém, com a ajuda da página, com os conteúdos que publicamos, a tua voz futura vai existir, vais mudar a tua voz futura, vais ter uma voz, vais conseguir falar e ser ouvido."
Quando passou a interessar-se por questões relacionadas com saúde mental: "As coisas não estavam a funcionar e tive um episódio que foi a gota de água: fiz dois autogolos contra num intervalo de três semanas. Foi na Taça do Rei, um diante do Sevilha, e nós empatámos 3-3, e outro contra o Celta de Vigo, no jogo da segunda mão da Taça, quando fomos eliminados. O Real Madrid é gigante, lá acontece tudo de forma muito grande, um clube maravilhoso, que me deu tudo, mas naquele momento eu estava morto mentalmente, acabado, não sabia muito bem onde procurar forças, não entendia tudo o que eu estava a sentir."