Comité de Ética da FIFA fez bandeira contra a corrupção, mas os documentos revelados este domingo demonstram um "conflito de interesses" entre a organização e um dos seus membros
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Uma fuga de documentação da empresa de advogados Mossack Fonseca, do Panamá, tornou públicos os nomes de várias personalidades e empresas que utilizam offshores - empresas sediadas em paraísos fiscais - para fugir aos impostos.
Entre eles está o de Juan Pedro Damiani, membro do Comité Independente de Ética da FIFA, num enredo que o junta a três dos acusados no recente escândalo de corrupção da entidade que coordena o futebol mundial.
Os registos revelados pela "Wikileaks" dão conta, por exemplo, de uma ligação entre Damiani e pelo menos sete offshores ligadas a Eugénio Figueiredo, ex-vice presidente da FIFA acusado formalmente de corrupção. Recorde-se que Figueiredo foi detido em 2015 na Suíça e admitiu ter participado num esquema de pagamentos a dirigentes da FIFA, através de empresas ligadas a canais de televisão e empresas de marketing, para garantir os contratos de transmissão dos campeonatos de futebol da América do Sul.
Segundo o "The Guardian", o Comité de Ética da FIFA - que tem como lema a luta contra a corrupção no futebol - já lançou um inquérito interno, garantindo que não sabia das ligações de Damiani ao ex-presidente da FIFA.
De acordo com os documentos revelados, Damiani e a sua empresa de advogados têm mais de 200 ligações com offshores, todas ligadas à Mossack Fonseca. Apesar destas ligações não serem consideradas ilegais, é um duro golpe na luta pela transparência no mundo do futebol. Até porque, segundo o "The Guardian", a documentação revela que Damiani pediu para serem dados "poderes especiais" a Figueiredo e à mulher do ex-presidente da FIFA no que toca a empréstimos a instituições desportivas.