"Clima de guerra? Nunca pensei muito nisso, vim para a Rússia jogar futebol"
Kiki Afonso, lateral-esquerdo de 28 anos, mudou-se para o FK Ural, depois de quatro temporadas ao serviço do Vizela, onde somou duas subidas e duas permanências no principal escalão português
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A vontade que os russos do FK Ural mostraram em querer ter o defesa no plantel foi preponderante para consumar a transferência, numa altura em que Kiki se sente "mais do que preparado" para o novo desafio.
A passagem pelos vizelenses foi o ponto alto da carreira, um verdadeiro "conto de fadas", mas, em fim de contrato e perto dos 30 anos, era a altura certa para abraçar um novo projeto no estrangeiro.
O que foi mais aliciante para trocar o campeonato português pelo campeonato russo?
- Já tinha dito que a decisão passava por não continuar em Vizela, sentia que com a idade que tenho, e em fim de contrato, seria uma ótima oportunidade abraçar outra experiência. Sempre tive o objetivo de me lançar num desafio fora de Portugal porque acho que também é bom vivenciarmos uma nova experiência e, depois do meu caminho em Vizela, sinto que estou mais do que preparado para abraçar este novo projeto. Já para não falar na vontade e no desejo do clube em me querer aqui, agora, cabe-me a mim mostrar e retribuir essa vontade da melhor maneira possível para ajudar a equipa, tal como aconteceu em Vizela.
No percurso já tinha tido alguma experiência fora de Portugal?
-Tive uma experiência em Inglaterra, quando tinha 17 anos, mas era muito novo, fui sozinho, não falava inglês como falo hoje e também tive uma lesão que não ajudou nada. Tudo isso fez-me querer voltar o mais rapidamente possível para casa, mas hoje sinto que estou mais preparado para estar aqui.
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E aulas de russo... já começou a ter?
-Ainda não, aqui temos um tradutor todos os dias, sempre pronto a ajudar e foi um dos pontos que me cativou para que me sinta confortável.
Tendo em conta a conjuntura atual da Rússia, houve algum receio ou sentiu total confiança para abraçar este projeto sem pensar muito na guerra?
-Sinceramente, nunca pensei muito nisso, sempre tive muito tranquilo, vim para aqui jogar futebol e a partir do momento que me garantiram isso está tudo bem.
Sentiu que seria bom para si, fora do panorama futebolístico, conhecer outro país, outra cultura, outros hábitos...
-Sim, sem dúvida. Sempre foi o meu objetivo sair do país, pelo desafio em si, mas também para conhecer novas culturas, novas realidades, acho que isso me motivou um bocadinho. No futebol nós não vamos para novos e acho que é importante aproveitar as oportunidades.
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Direcionando, agora, para o Vizela, que balanço faz dos últimos quatro anos?
-Não podia pedir um percurso melhor, sem dúvida que foram os melhores quatro anos da minha carreira. Deram-me muita estabilidade a nível profissional e a nível pessoal, fez-me crescer muito e ir atrás de novos objetivos. Ali, foi tudo um conto de fadas, correu tudo às mil maravilhas, conseguimos duas subidas e duas permanências, acho que isso vai ficar para sempre na história do clube e nunca ninguém vai conseguir apagar. Foram quatro anos fantásticos.
Qual foi o segredo para este sucesso todo num curto espaço de tempo?
-Para mim, foi a união que tivemos dentro do balneário, mas também a união de toda a estrutura, tanto equipa técnica como direção, e a ligação com a cidade, sem isso acho que não era possível. Sendo um clube teoricamente pequeno, essa união fez-se ver ao longo do tempo. A união dentro do campo refletia-se fora dele, com os adeptos mostrarem ser uma grande ajuda e um grande apoio para nós. Foram adeptos fantásticos e fizeram-se ouvir em qualquer parte do país.