ENTREVISTA (Parte 1) - André Silva foi o melhor marcador do Eintracht Frankfurt, sente-se cada vez mais forte e só procura estabilidade para continuar a subir patamares.
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André Silva está de férias depois de 16 golos que fizeram dele o melhor marcador do Eintracht Frankfurt, que também conta com Gonçalo Paciência e Bas Dost (10 cada um). Em abril prometeu a O JOGO que em breve todos assistiriam à melhor versão do seu futebol. Agora, renova a intenção para 2020/21, fala de estabilidade, evolução mental e repete que só faz sentido focar-se no seu futebol. O mercado fica para quem lhe gere a carreira, mas a próxima temporada será novamente na Alemanha. Pela primeira vez, repete.
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Disse a O JOGO, antes da retoma, que em breve veríamos o melhor de si. E vimos mesmo. Ninguém marcou mais na reta final da Bundesliga. De onde vinha, afinal, essa certeza?
-A minha convicção e confiança já vêm desde o início da época no Sevilha. Já me sentia no meu melhor nessa altura. Entretanto tive aquela lesão, mal transmitida cá para fora, para a Imprensa. Estava a jogar ainda lesionado. Foquei-me em recuperar e, quando cheguei ao Eintracht, já me sentia bem. Senti que a minha época ia ser muito boa, comecei muito bem, mas depois tive pequenas lesões que me afastaram um bocado. Mas a minha convicção já era muito forte desde essa altura. Na segunda metade da época todas as pequenas coisas desapareceram, a lesão ficou resolvida e comecei a marcar golos, a jogar com mais regularidade até chegar a esta segunda volta que me permitiu ser um dos melhores. Disse que iam ver o melhor de mim porque me sentia cada vez melhor. O mais importante é que já mostrei o meu nível e sei que, se estiver em condições, consigo atingir grandes patamares.
Disse que a lesão foi mal transmitida para fora. Esta é uma boa oportunidade para esclarecer tudo...
-Foi mal transmitida porque o tipo de lesão que eu tinha poderia permitir-me jogar com dor, mas ao mesmo tempo ia-me desgastando e colocando em pior estado à medida que jogava. E estava a acontecer. Estava a jogar com dor porque queria, queria sempre ajudar, o meu lema é sempre dar o máximo, nunca desistir, mas às vezes vemos as coisas de forma errada. Naquela altura, se calhar, devia ter parado imediatamente e recuperado, mas toda a gente comete erros, não era o jogador experiente que sou agora. Na altura em que parei de jogar já tinha chegado a um ponto que não devia ter permitido ao meu corpo chegar. Foi mal transmitido porque não se sabia ao certo o que eu tinha.
"A minha confiança vem desde o Sevilha. Entretanto joguei lesionado. Quando estou sem problemas, consigo estar lá em cima, já o demonstrei"
Há melhor guardado para 2020/21?
-Acredito que sim e tenho confiança plena nisso. Para mim, todos os anos são de aprendizagem. Já demonstrei que, quando estou ao meu mais alto nível e sem problema nenhum, consigo estar lá em cima. A cada ano que passa e com mais estabilidade vou poder mostrar isso cada vez mais. Com a lesão acredito que cresci muito a nível mental e me tornei um jogador muito mais forte. Essas são as razões pelas quais digo que a cada ano que passar estarei melhor.
Na sequência desta reta final espetacular, passou a ser visto de outra forma na Alemanha? Notou isso de alguma maneira?
-Sim. Eu que estou dentro do futebol vivo na primeira linha algo que todos sabem: quando estamos bem, as coisas correm bem, quando estamos mal, as coisas correm mal e temos que lutar cada vez mais. Depois desta segunda fase da época o mais importante é manter o mesmo nível ou aumentá-lo e é nisso que eu vou trabalhar, é o que quero conseguir. O que quero é mostrar o meu nível cada vez melhor e cativar o maior número de adeptos e fãs no mundo inteiro. Neste caso jogo na Alemanha. Quero que gostem do meu futebol e se apaixonem pela minha maneira de jogar.
Se apontar já a 2020/21, que tipo de objetivos, individuais e coletivos, traça?
-O meu objetivo principal é alcançar o melhor nível logo na pré-época e fugir dos problemas. Sei que se conseguir o melhor nível posso lutar por grandes patamares. É o que eu quero, chegar a ser um dos melhores. É a única coisa em que estou focado. Os objetivos coletivos dependem da equipa e de todo o ambiente à volta. A verdade é que se fizer o meu trabalho, melhor, todos ganham com isso, tanto a equipa como staff e adeptos. Os prémios e objetivos vêm depois.
"Já mudei três vezes de língua, de clube de casa. Acredito que se estivesse três anos no mesmo país, as coisas sairiam ainda melhor"
Por que rendeu mais na Alemanha do que em Itália ou Espanha? É o tipo de futebol mais apropriado para o André Silva?
-Não penso dessa maneira. Acredito que, se estivesse a jogar este ano em Espanha ou Itália, iria render tanto ou mais do que rendi. É como eu disse, a cada ano sinto que estou melhor, mais completo e habituo-me mais às mudanças. Já mudei três vezes de língua, três vezes de clube, três vezes de casa... Se estivesse três anos no mesmo país, acredito que as coisas sairiam ainda melhor. Vou mostrar cada vez mais o meu futebol a cada ano que passar.