ENTREVISTA - A dias da partida mais importante da época, a final da MLS, Pedro Santos deu positivo num teste para o novo coronavírus e acabou a sofrer e torcer de fora pelo Columbus Crew, o novo campeão da MLS
Corpo do artigo
Num ano atípico por causa da pandemia, Pedro Santos evitou quase até ao fim apanhar covid-19. Mas um surto dentro do clube, acabou por deixá-lo, e ao médio Ngabe, fora do momento mais bonito da época, quando, no passado dia 12 (madrugada de 13 em Portugal), o Columbus Crew venceu a Taça MLS, batendo por 3-0 o Seattle Sounders, e sagrou-se campeão.
Como foi viver e celebrar do lado de fora o título?
-Ter testado positivo na semana mais importante da minha carreira foi uma desilusão muito grande. Foi um bocado triste por não poder jogar, ajudar os meus colegas e estar na festa. Mas fiquei muito feliz por termos ganho o jogo. É o mais importante e o que fica para a história. É estranho porque o melhor da época foi ser campeão, um objetivo que perseguia tal como a equipa, e o pior foi a semana que antecedeu a final que perdi.
Como viveu e viu a final?
-Vi o jogo sozinho, no quarto. Ainda estava de quarentena. Soube que tinha testado positivo no dia 7, um dia depois de termos ganho a final de conferência. Sofri um pouco por fora, a ver na televisão, mas também celebrei os golos com gritos de felicidade e depois o triunfo final.
Conseguiu de algum modo compensar a ausência física e entrar na festa?
-Alguns colegas mandaram-me logo mensagens, falei com eles, estive também a ver os diretos da festa.
Surpreendeu-o a facilidade da vitória sobre o Seattle Sounders, ex-campeão?
-Esperava um jogo um pouco mais difícil, mas a equipa esteve muito bem, especialmente na primeira parte. Controlámos, criámos oportunidades, fizemos dois golos golos. Isso trouxe tranquilidade e na segunda parte foi mais gerir o resultado. Equipa fez o jogo parecer fácil.
Sente que esta foi a melhor época da sua carreira nos EUA?
-Em termos de qualidade de jogo acredito que tenha sido, apesar de na época passada até ter conseguido mais golos. Mas este ano também tivemos menos jogos, por isso não é uma comparação justa olhar aos totais. Fiz também várias assistências e sobretudo ajudei a equipa na conquista do título coletivo mais importante.
Qual foi o segredo da conquista?
-A união e mentalidade que tivemos, com grande ambição de lutar pelo título e conseguimos o nosso objetivo. É um título que nos assenta bem. Fomos a melhor equipa durante a temporada e os treinadores adversários diziam que jogávamos muito bom futebol
Qual foi a importância do treinador Caleb Porter nesta conquista e no seu rendimento?
-A nossa relação é muito boa. É um treinador que está sempre a elogiar e a motivar. Passei a jogar mais adiantado e o meu nível de jogo subiu bastante. Tanto no ano passado como neste tive um papel relevante na equipa. As coisas têm corrido muito bem. Quando cheguei no ano passado, o clube tinha mudado de dono recentemente. Havia alguma confusão e a época foi um pouco o espelho disso. Mas com uma boa base e com a chegada de jogadores importantes que elevaram a qualidade da equipa e trouxeram experiência, foi mais fácil lutar pelos objetivos e alcançá-los no fim.
Já deixou a quarentena, como passou estes dias?
-Tive alguns sintomas, nada de grave. A tosse atacou-me um pouco nos primeiros dias. Entretanto já fiz um teste que deu negativo, felizmente na minha família ninguém apanhou e esta sexta-feira repetimos todos o teste e, correndo tudo bem, se forem todos negativos, iremos depois para Portugal passar o Natal.
"Não planeio regressar já a Portugal"
Aos 32 anos e depois de ter acertado com o Crew a renovação até ao final da época de 2021, Pedro Santos faz contas ao futuro.
"Sinto-me bem aqui e enquanto tiver propostas vou aproveitar para continuar cá. Não planeio regressar já a Portugal. Mas não sei o que o futuro me reserva", contou, revelando estar satisfeito desportiva e pessoalmente. "As coisas estão a correr bem, eu, a minha mulher e filhos estamos perfeitamente adaptados à vida em Columbus e ao país. Por isso não sinto a necessidade de voltar para Portugal. O meu filho mais novo já anda na creche e o mais velho já frequenta a escola e está a adaptar-se bem."