Pasteleira e Boavista são os únicos emblemas portugueses no currículo do capitão da Selecção de Sub-21, um médio de excelência e, por isso mesmo, cada vez mais longe do alcance dos orçamentos da I Liga
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Para ele, pensar o jogo é como respirar. A bola obedece-lhe e Bruno Fernandes raramente tem dúvida acerca do melhor rumo a dar-lhe. Viu-se no jogo em que os Sub-21 de venceram a Alemanha. Um grande golo dele, na sequência de um pontapé de canto de João Carvalho, pôs termo a uma série de 32 partidas sem perder em casa que trazia os germânicos encantados. Aos adeptos portugueses, cada presença do médio da Sampdória na Selecção suscita a questão: não houve lugar para ele na I Liga? Por que teve um dos melhores médios portugueses que amadurecer tão longe?
Das camadas jovens do Pasteleira e do Boavista saiu para o Novara. Desde então, ficou por Itália, três anos na Udinese e agora cedido à Sampdória. Cada uma dessas épocas deixou-o mais longe do futebol do país de origem, onde "nunca surgiu a hipótese" de voltar. "Falou-se muito, neste Verão, mas não me chegou nada a mim. Com certeza, não foi nada concreto. Obviamente, sendo português, gostaria de ter passado pelo campeonato português", admite o maiato, 22 anos.
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"Gostaria muito, porque é o meu país, é o meu povo, gostava de ser acarinhado por um dos clubes. Era importante também para mim", insiste, sem lamentar o caminho que já percorreu. Foi também importante o meu crescimento na Itália. Foi fundamental para o meu jogo, para ser o jogador que sou hoje", sublinha, à saída do Gazi-Stadion auf der Waldau, em Estugar, ainda com um coro de adeptos a gritar por Portugal. Talvez seja este o único contexto em que possamos vê-lo de perto, o da Selecção Nacional de Sub-21, porque o valor do passe dispara com a maturidade do futebol de Bruno Fernandes.
No final da época, será jogador da Sampdória (agora, está cedido) e tem vários anos de contrato. Se, em tempos, foi uma promessa acessível a alguns dos orçamentos do futebol profissional, agora Bruno Fernandes estará apenas ao alcance dos melhores e, tal como em toda esta história, um próximo episódio "depende da vontade dos clubes, da disponibilidade deles". "Se querem realmente que eu volte ou não. Se acontecer, estarei feliz por voltar a Portugal", admite Bruno Fernandes.
O médio despediu-se de mais um estágio com os companheiros dos Sub-21, na terça-feira, com um coro português a saudá-lo, e àquele golaço que derrotou a Alemanha em Estugarda. É o tal carinho que só conhece com a camisola da Selecção de Sub-21, que Rui Jorge prepara para o Europeu, na Polónia, com a expectativa em alta: "O que se pode esperar desta equipa no Europeu é mais do mesmo. É isto que fizemos hoje, muita entrega; é levar o nome de Portugal o mais longe possível e fazer sempre o nosso melhor."