Autocarros, mistério e romance estão na génese do novo "penetra" da Argentina
Atual segundo classificado do campeonato, o Defensa y Justicia almeja a um título inédito com uma filosofia de futebol atacante e de encher os olhos. O nome original capta o imaginário dos curiosos, mas a verdade é que ninguém se lembrou de documentar o porquê da escolha...
Corpo do artigo
Destacado poeta e jornalista no cenário cultural argentino do século XIX, Florencio Varela deu o nome à cidade da grande Buenos Aires do qual é originário o mais recente candidato a combater a hegemonia dos cinco grandes do país: Boca Juniors, River Plate, Independiente, Racing e San Lorenzo. Atual segundo classificado do campeonato, a três pontos do líder Racing, o Defensa y Justicia (DyJ) tem os olhos postos num título inédito que lhe permitiria juntar-se a Newell's, Rosario Central, Estudiantes, Vélez, Lanús, Argentinos Juniors, Banfield, Arsenal, Ferro Carril Oeste, Quilmes, Huracán e Chacarita na lista de campeões fora do "Big-Five".
Se a grande maioria dos clubes supramencionados tem nas respetivas academias a sua maior força, o DyJ é conhecido por ser um palco de consagração para... treinadores. Especialista em promover a ascensão de anónimos "românticos" à ribalta, numa lista que fazem parte Jorge Almirón (San Lorenzo) ou Ariel Holan (Independiente), o emblema de Florencio Varela é agora a casa de Sebastian Beccacece. Antigo braço direito de Jorge Sampaoli nos tempos gloriosos da seleção do Chile, o técnico mostrou estar afinado com a filosofia do clube e "montou" uma máquina afinada, que tem encantado crítica e adeptos com um futebol vertical, veloz e virado para a baliza adversária. Os centrais Barbosa e Martínez, o médio Miranda e o avançado Fernández são alguns dos valores que despontam em Florencio Varela e que aspiram ao salto para o Velho Continente.
Curiosamente, a filosofia ofensiva do DyJ contrasta com uma relação intrínseca com... autocarros. Originalmente, o equipamento oficial do clube era azul e branco, mas, durante a presidência de Norberto "Tito" Tomaghello, proprietário da empresa de autocarros "El Halcón" que explorava a carreira 148, as camisolas da equipa passaram a ter a mesma cor dos veículos: verde e amarelo. Era precisamente nesses autocarros que os adeptos do DyJ se deslocavam para os jogos fora de casa, ganhando, sem surpresa, o apelido de "Los Halcones de Varela". Outra das curiosidades reside no facto de ninguém saber ao certo o motivo pelo qual o clube foi batizado de Defensa y Justicia. Aliás, o mistério é parte integrante do folclore à volta do clube permanecendo até hoje a dúvida sobre a veracidade da história sobre um "tal" de Diego Armando Maradona ter treinado em Florencio Varela, em 1968, antes de se juntar ao Argentino Juniors e fazer jus à expressão: o resto é história!