O centrocampista Pedro Aparício vai ter, na carreira profissional, o primeiro desafio fora de Portugal, depois de ter deixado o Moreirense para jogar pelo ambicioso campeão: Petro
Corpo do artigo
Reforço dos angolanos do Petro Luanda, clube dominante no país, o médio-ofensivo Pedro Aparício espera vingar em Angola depois de ter deixado de fazer parte dos planos do Moreirense, ao cabo de duas épocas, onde foi fundamental para ajudar a equipa a subir. Pedro perdeu protagonismo no calendário da divisão maior, despedindo-se dos cónegos a um ano de terminar contrato, com 14 jogos em 2023/24. O antigo jogador do Beira-Mar já esteve em foco na pré-época do Petro, marcando numa vitória (em Portugal) sobre o Vizela, em jogo de preparação. Será em 2024/25 um dos cinco estrangeiros deste poderoso emblema. Parte com fortes expectativas, desejoso de outro impacto na carreira, aos 28 anos.
“Depois de três anos em campeonatos profissionais em Portugal, só faria sentido ficar se fosse para continuar a evoluir, no que toca à equipa e aos objetivos. Percebi que isso não ia ser possível, não queria estagnar e quis experimentar algo de diferente. Entre ficar em Portugal com realidade semelhante ao que tenho tido, preferi ter uma opção mais arrojada, que me vai dar a hipótese de lutar por coisas diferentes”, salientou o médio formado em Engenharia Industrial, já a contar o tempo para fazer a diferença em Angola. “Acho que também posso crescer muito num contexto que me tire da minha zona de conforto. Senti que este ano era o momento certo para tentar algo de novo”, sublinhou Aparício, apagando mágoas do horizonte. “Levo sentimentos muito positivos do meu percurso em Portugal. Tenho noção de que foi com o meu trabalho de muitos anos que consegui atingir o objetivo de chegar à Liga. Muitos não o conseguem! Provavelmente os anos mais duros da minha carreira foram estes últimos dois, cheios de obstáculos. Olhando para trás, fui sempre evoluindo, progredindo na carreira. Olho com sentido de dever cumprido”, destacou Aparício, aposta forte do tricampeão angolano, agora treinado por Ricardo Chéu, que sucedeu a Alexandre Santos. Pedro Pinto, Rochez ou Toro são jogadores com passado em Portugal.
Longe de casa, longe dos holofotes, mas sem se render. “Eu vou voltar a Portugal um dia, e, quem sabe, ainda volto a jogar na Liga. Será sempre um objetivo. Mas não é para já. Por agora quero afirmar-me em Angola, num país e numa competição que não conheço...Jogarei uma competição continental.. quero ter sucesso no Petro, que tem objetivos ambiciosos. Só faz sentido focar-me no presente”, registou.
Ambição de liderar em África é desafio que entusiasma
Aparício vai tomando contacto com uma realidade palpitante. “Vim para o clube a saber que, internamente, são muito fortes, e querem ser os melhores a nível africano. Isso são objetivos que nunca tive, motivam-me. Há a ilusão de ganhar a Liga dos Campeões. Estou entusiasmado, sempre quis jogar fora de Portugal. A vida surpreende-nos e temos desafios que nunca imaginamos”, relata, apressado em corresponder. “Só me quero adaptar rápido e usufruir. Com tanta competição, esquecemo-nos de aproveitar a melhor profissão do mundo. Espero ser feliz no clube e no país, vim para aqui para ganhar e mostrar a minha qualidade”, rematou.
Mostrei que podia jogar na I Liga
Pedro Aparício faz uma introspeção do caminho trilhado desde o Beira-Mar, clube de paixão e coração pelo qual também decidiu jogar na Distrital. A luta para colocar os aveirenses num lugar mais consentâneo com a sua história, atrasou um pouco o seu próprio lugar ao sol. “Ter chegado ao Moreirense, tendo em conta o meu percurso, enche-me de orgulho. Foram anos que exigiram muito de mim, deixei uma boa marca no clube. Quem está lá dentro sabe bem que nunca faltou trabalho e também sabem que está aqui um jogador que mostrou ter qualidade para estar no maior patamar”, afirmou o médio, triste por não ter tido o impacto desejado no maior escalão. “Queria ter feito mais, porque é sempre esse o meu espírito. Nunca vou estar satisfeito. Nunca estive, não ia ser agora. Mas saio de consciência tranquila e com a sensação de que o capítulo foi cumprido com sucesso”, sustentou.