Profundo conhecedor do futebol alemão, Carlos Leal é um dos homens fortes do Arminia Bielefeld. Diz que o momento de André Silva na Bundesliga é "impressionante" e que o avançado "vai dar o salto". A campanha do Sporting esta época impressiona o diretor desportivo.
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André Silva é um nome incontornável neste momento na Alemanha. Como analisa o momento do português?
É impressionante. Contra nós marcou dois golos e fez um jogo como um gigante. A experiência na Bundesliga pode ser muito relevante para os jogadores, pode ser o toque final para um jogador atingir o patamar mais alto e vê-se isso no André Silva. É uma máquina em campo, 90 minutos a funcionar, mas com prazer de jogar. Essa mistura é mortal para o adversário. A frieza que tem, mas também uma certa elegância. Faz lembrar o Lewandowski. E estou convencido de que ele investiu muito em evoluir até foram dos processos normais no clube. A trabalhar o físico, a treinar com e sem bola, e a trabalhar a mente, que tem de ser muito forte para pode atuar assim. Não há dúvida de que no verão vai dar o salto.
"O jogador português é apreciado, mas não há muitos, devido ao preço"
Há também Gonçalo Paciência e Raphael Guerreiro, por exemplo. O jogador português é apreciado pelos alemães?
É apreciado, mas não há muitos, devido ao preço. E para jogar cá, o jogador tem de ser uma máquina ou ter tudo para o ser. Há um bom exemplo, o Francisco Geraldes no Eintracht Frankfurt. É fora de série, dá festinhas à bola, é uma delícia de ver. Mas aqui tem de ser isso e muito mais ainda. Tem de ser 90 minutos na máxima força. Essa é a grande diferença que torna o futebol alemão difícil para muitos jogadores de qualidade. O Guerreiro e o Gonçalo têm tido sucesso. E o jogador português é sempre interessante, mas é preciso analisar se tem o perfil certo. Outro exemplo, não é português, mas veio de Portugal, é o Tapsoba, que é um grande jogador, é uma máquina e também é elegante, mesmo para central. Mas desejo que venham mais jogadores portugueses.
Costuma acompanhar o futebol português?
A vontade existe, tenho muitas saudades de fazer scouting em Portugal, mas sei que não é o mercado ideal para o Arminia Bielefeld. É um mercado onde o preço inicial é sempre muito elevado. Os clubes grandes daí apanham tudo. E para nós fica menos interessante. Tenho vontade de acompanhar, mas é praticamente impossível, pela falta de tempo. No futuro, se o Arminia crescer, também poderá fazer compras nas grandes boutiques de Portugal, que são a Louis Vuitton, a Prada, a Gucci... nós só conseguimos ir à Tommy Hilfiger [risos].
E nunca teve nenhum jogador português em mira? Nunca tentou levar ninguém de cá para o Arminia?
Há uns anos houve contactos com o Ivo Rodrigues. Mais recentemente, com o Zaidu Sanusi, que foi um grande alvo. Antes da paragem do campeonato, em março, estávamos bem embalados nesse processo, mas depois do reatar, ele era sempre o melhor em campo [n.d.r no Santa Clara] e tornou-se impossível conseguirmos comprar.
Quem e que clubes destaca atualmente em Portugal?
Agora não sigo tanto, mas como trabalhei para a televisão alemã e fazia jogos da Liga dos Campeões, ganhei um grande respeito pelo FC Porto. Tiro sempre o chapéu ao trabalho incrível que faz na Champions. É impressionante o que conseguiram nos últimos 15/20 anos a nível internacional. Atualmente, é muito impressionante o que está a fazer o Sporting. Fez apostas corajosas. Apostar assim num treinador... [n.d.r valor pago pelos leões ao Braga]. A aposta no Pedro Gonçalves, que é um jogador incrível. Há uma nova filosofia, jogadores jovens, opções nacionais, dinâmica, vontade, garra, bom futebol... Sente-se uma frescura e um prazer em jogar em equipa. E isso também dá prazer a quem está a ver.
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